quinta-feira, 24 de março de 2011

Injustiça de transição na UnB

Impossível não reverberar o pequeno mas contundente artigo de João Telésforo Medeiros Filho, mestrando do PPGD-UnB, sobre um exemplo clássico de injustiça de transição que está prestes a se realizar na UnB, em pleno período de debates sobre a importância da efetivação de uma verdadeira Justiça de Transição no Brasil.

É que, no próximo dia 28.03, conceder-se-á o título de Doutor Honoris Causa a João Carlos Moreira Alves, afamado jurista romanista e ex-Ministro do STF, mas de sombrias (e desconhecidas pela maioria) relações com a Ditadura Civil-Militar-Imperialista que acometeu o Brasil entre 1964-1985. Moreira Alves foi procurador-geral da República num período em que não havia ainda a distinção entre AGU e PGR, exercendo portanto o papel de advogado do Estado, nos tempos mais sombrios do regime militar.

Mesmo sendo este mais um capítulo triste de um projeto tão bonito chamado UnB, seguem intactos, inquebrantáveis, os sonhos e os delírios de Darcy Ribeiro, que um dia ainda hão de se realizar, na figura de nossa Universidade Popular.

3 comentários:

  1. Obrigado pela divulgação, Diego! Creio que a história de Moreira Alves - por exemplo, sua terrível atuação no caso Chico Pinto, que relatei no texto - exemplifica bem como se deu a colaboração dos juristas com a ditadura, por isso é preciso conhecê-la e problematizá-la...

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  2. A Universidade Popular parece distante no momento. A reflexão sobre o papel da Academia na legitimação do legado autoritária deve ser feita, urgentemente. Aqui, também divulguei o texto:
    http://opalcoeomundo.blogspot.com/2011/03/causas-e-honras-de-moreira-alves.html

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  3. Olá Diego

    É triste e ao mesmo tempo revoltante ver como ainda a academia saúda aos torturadores recentes...Enquanto aqui se faz tamanha injustiça de transição, na Argentina, em Mendoza, o honoris causa é ninguém menos que o perseguido político "del mundo al revés" Eduardo Galeano. Quem sabe isso também nos falte, mais poesia e crônica e menos condecorações por títulos acumulados, escrevo hoje com profunda lástima pois havia lido o texto no fim de semana, talvez mais embrutecida, porque se realizou dito ato às vesperas do "aniversário" do golpe de 64. Enfim, temos medo dos nossos próprios fantasmas.

    "La democracia tiene miedo de recordar y el lenguaje tiene miedo de decir.
    Los civiles tienen miedo a los militares, los militares tienen miedo a la falta de armas, las armas
    tienen miedo a la falta de guerras.
    Es el tiempo del miedo." (E. Galeano, Patas arriba, la escuela del mundo al revés)

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