Luiz Otávio Ribas, 2007
Os ratos
movem-se por necessidade
Há homens que movem-se por necessidade e consciência
Ratos formam suas tocas sem pedir licença
Homens constroem suas casas e reivindicam seu direito de morar
Há homens que movem-se por necessidade e consciência
Ratos formam suas tocas sem pedir licença
Homens constroem suas casas e reivindicam seu direito de morar
Os ratos vivem
em meio aos homens
Há homens que vivem na condição de ratos
Há homens que vivem na condição de ratos
Quem
dirá que o soldo do homem serve de alimento e abrigo?
Propriedade sem função social é
igual a ninho de rato
A toca é direito dos homens
Homens e ratos não podem conviver juntos
Homens e ratos não podem conviver juntos
O que
irá fazer o homem que não tem toca?
O que fará o homem na presença dos
ratos?
É lei
para os homens que todos têm direito à toca
É lei para alguns homens que a propriedade vale mais que uma toca
É lei para alguns homens que a propriedade vale mais que uma toca
Há tanta
terra cheia de ratos!
Há tantos homens sem toca!
Há tantos homens sem toca!
Estão
querendo pulverizar os homens
Estão querendo abrigar os ratos
E se o
rato virasse homem?
E se o homem virasse bicho!?
E se o homem virasse bicho!?
(Poema em homenagem a Chico Buarque e
Manoel Bandeira, fazendo um diálogo entre a
canção “Ode aos ratos” e a crônica “O bicho”)
Da biblioteca "Poesia crítica do direito"
Da biblioteca "Poesia crítica do direito"