terça-feira, 18 de agosto de 2009

Poema "Realidade (em) crônica"


Esta pequena crônica eu escrevi em 2008 para relatar uma experiência nas calçadas do centro de minha cidade natal, Porto Alegre.

Na ocasião, avistei um catador de papel que estava separando material para reciclagem junto a uma lixeira à beira da calçada. Na execução de seu trabalho minucioso ele descartou apenas a capa plastificada, levando o interior do livro para a necessária reciclagem do seu conteúdo, que já não lhe servia.

Talvez esse homem tenha agido com a consciência de quem pensa que os conteúdos desses livros nada tem a oferecer-lhe. Pois estão impregnados de ideias que em nada lhe importam. Se for assim, ele está querendo emitir uma mensagem muito clara a todos os escritores do Brasil, e de todo o mundo: escrevam sobre o que quiserem, mas se sobrar ainda um pouco de tinta, usem-na para traçar algumas palavras sobre o povo pobre das equinas de qualquer lugar.

Então, aqui vai uma tentativa desesperada de resposta a uma invocação tão desafiadora, necessária e urgente:


"Nas ruas de uma grande cidade brasileira um catador de papel procura no lixo o seu sustento. Ao ver um livro velho, com as páginas amareladas e capa dura vermelha, não hesita em arrancar-lhe as folhas para reciclagem, e em descartar o material plastificado. O comportamento desse homem resume muito do mundo de hoje, seu ato complexo é cheio de ingenuidade, sabedoria, ignorância e justa raiva".

Em lembrança dos trabalhadores que cuidam de nosso lixo material e intelectual para transformá-los no novo.

Da biblioteca "Poesia crítica do direito"

3 comentários:

  1. Parabéns pelo blog! Adorei! Certamente será uma excelente ferramenta para travar a discussão das ajup`s no Brasil! Bjs! Fernanda Najupi - Caxias do Sul

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  2. Bem observado, Ribas...

    Os livros dizem o quê, para quem e por que?

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  3. O Mundo Hoje
    (Fábio Corrêa)

    O mundo está triste
    Muitos passam fome
    E as nossas crianças
    O que terão de esperanças?

    Quanta droga
    Quanta prostituição
    Muitos sofrem por obesidade
    Outros por desnutrição.

    Mas, minha gente!
    Vamos pegar valentes,
    E lutar por um mundo descente.

    Se não conseguirmos melhorar,
    Mas, que pelo menos um pouco:
    Amenizar!!!

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