terça-feira, 14 de agosto de 2012

Coluna Direitos das Marias - IV ENCONTRO DE MULHERES DO MPA


Por Lenir Correia Coelho – Assessora Jurídica da CPT/RO




No período de 10 a 12 de agosto, na cidade de Alta Floresta do Oeste/RO, ocorreu o IV – Encontro das Mulheres Camponesas do MPA no Estado de Rondônia. O Encontro contou com a participação de mulheres das mais diversas regiões do Estado de Rondônia e foi um momento festivo e de reflexão sobre a atuação da mulher na construção da Soberania Alimentar e Poder Popular.


 Se definindo como camponesas em função do compromisso com os valores camponeses de cuidar da terra e tirar dela o seu sustento; essas mulheres, presentes no Encontro, refletiram sobre suas práticas cotidianas, procurando dar visibilidade sobre as suas intervenções no ambiente familiar e social, permitindo assim, construir novos olhares sobre o papel da mulher na luta social que garanta a permanência da família no campo, com produção de qualidade, com dignidade e respeito.
Com a contribuição da advogada Lenir Correia Coelho, assessora jurídica da CPT/RO, foi oportunizado a reflexão sobre os direitos das mulheres na legislação brasileira, enfocando o quanto a legislação encontra-se distante das realidades sociais, principalmente, das camponesas que possuem dificuldades para acessar saúde, educação, trabalho, crédito lazer, enfim, o Estado se mostra o maior violador dos direitos das mulheres camponesas, pois, suas políticas não se mostram comprometidas com a realidade social.



As militantes do MPA no Estado de Rondônia: Isabel e Leila, em suas intervenções, enfatizaram que o encontro aproxima as camponesas, permite a troca de experiências e principalmente, a construção de pautas reivindicatórias para se fazer a luta conjunta nos municípios. Demonstraram claramente que somente a mobilização permanente das camponesas permitirá a conquista significativa de direitos que permita a igualdade e respeito.

Outra militante: Sebastiana destacou que é difícil ser mulher e militar nos movimentos sociais, pois, o machismo predomina mesmo em espaços que deveriam ser libertadores; que as mulheres, camponesas, antes de irem para atividades de mobilização têm que deixar diversas tarefas domésticas prontas para seus companheiros: roupas lavadas, comidas feitas, casa limpa, enfim, é necessário que os homens, militantes sociais, também avancem na sensibilidade de que as camponesas precisam ser tratadas de forma igualitária e que se as mesmas contribuem diretamente na construção da renda familiar, devem, estes, também contribuírem na realização dos afazeres domésticos.

O Encontro trouxe presente a Celebração da Vida, onde as camponesas tiveram oportunidade de lembrar a história das mulheres no mundo, recordando diversas mulheres como: Olga, Rosa Luxemburgo, Margarida Alves, Joana D’Arc, Helenira Resende, que foram consideradas mulheres corajosas para suas épocas e contribuíram significamente para a libertação das mulheres.

Esse Encontro renova a crença na luta das camponesas, que ao retornarem para suas casas, irão buscar os apoios necessários para continuarem firme na resistência campesina, pois, percebem que não estão sozinhas e que essa luta está apenas começando!

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