Em julho ocorreu a XXXI versão do Encontro Nacional dos Estudantes de Direito (FENED). O Encontro em Brasilia com certeza marcou novos rumos para a Federação, aprovando em sua plenária final, por exemplo, apoiar e incentivar a criação de turmas especiais a serem ocupadas por movimentos sociais nos cursos de Direito. Em fim, o encontro foi significativamente distinto dos dois últimos, um que foi um fracasso em sua plenária final devido a um golpe da UJS (2009) e outro que aprovou o apoio ao Reuni e ao Exame da Ordem (2008).
Mas um ponto que cabe ser destacado foi o primeiro ENED da Extensão, o ENEDEx. Tradicionalmente o ENED, desde a década de noventa, contou com um espaço destinado aos estudantes de Direito que pretendiam divulgar o trabalho de extensão universitária de assessoria jurídica popular e expandir para outras universidades, trata-se do famoso Encontro Nacional de Assessoria Jurídica Universitária (ENAJU). Neste ENED não houve exceção e mais uma vez o ENAJU foi organizado, porém pela primeira vez em muitos ENED’s ocorreu um encontro diferente – o ENEDEx – que teve a intenção de reunir os grupos que fazem extensão que não abrangesse somente os grupos de assessoria.
As pessoas dos grupos de assessoria eram maioria no encontro e por isso deram um caráter mais progressista, mas estas mesmas pessoas se encontraram num dilema. Esse espaço é tão conflituoso que não conseguia sequer ter um ponto de convergência consensual. Se o ERENAJU já é caótico, se viram ainda mais imersos no caos do ENEDEx que em certos aspectos parece ir para trás do que já se consegue hoje.
Projetos de assistência não têm somente uma metodologia distinta à dos projetos de assessoria, como seu caráter político é eminetemente conservador. Se houver uma época em que a principal pauta da universidade era defender a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão - e essa pauta ainda continua em vigor até a atualidade - hoje precisamos ir além e questionar do que se trata essa extensão indissociada do tripé universitário: quem é esse ator com quem dialogamos e como devemos trabalhar com esse sujeito. Uma resposta está necessariamente ligada à outra. E, por mais que tenha início, não se resume ao debate assistência vs. assessoria. Hoje é necessário um estudo dos modelos de extensão entendendo não somente a forma, mas sim seu pano de fundo, que, inevitavelmente, é um conteúdo político. Entendo que a melhor conceituação que abrange esse critério é o feito pela pedagoga Ligia Klein que divide em três modelos de extensão popular: Tradicional, Judaico-Cristão e Político-Revolucionário. Aprofundarei os três modelos numa próxima postagem.
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