O que as manifestações populares têm a ver com a classe trabalhadora?
Ricardo Prestes Pazello
Após 30 anos,
o Brasil presencia grandes mobilizações de rua que chegaram a reunir mais de
200 mil pessoas em um só ato. Passeatas, protestos e manifestações que têm uma
razão de ser. Mas qual é ela? É indiscutível o fato de que vivemos em uma
sociedade muito desigual. Desigualdade que gera injustiças de todas as ordens e
que pode se resumir na seguinte idéia: poucos com acesso a transporte, moradia,
educação e saúde de qualidade e muitos sem terem condições de ver suas
necessidades mais básicas atendidas.
O povo
brasileiro começa a sair às ruas, praças e terminais porque as desigualdades
sociais que vivencia passaram a ser insuportáveis. Saímos de um período ditatorial
com a promessa de que a democracia poderia solucionar estes problemas, que não
são de hoje. No entanto, as classes dirigentes de nosso país, associadas aos
grandes interesses econômicos internacionais, pretenderam sufocar as
reivindicações populares em um sistema político de baixíssima
representatividade e em uma estrutura econômica que superexplora os
trabalhadores.
É por isso que
os gritos que ecoam nas avenidas apinhadas de gente dizem respeito, de modo
direto, à grande massa de pessoas que constrói o Brasil trabalhando de sol a
sol, tendo o suor de seu trabalho apropriado por patrões, fazendeiros e
coronéis de toda espécie. Mudar o Brasil significa que homens e mulheres que
trabalham na cidade e no campo se dirigirão às marchas e se farão ouvir, como
há muito não ocorre.
A juventude,
em sua ânsia de mudança, iniciou o processo de mobilização de nosso povo,
exigindo transporte mais barato e de qualidade, bem como denunciando os
irresponsáveis investimentos em estádios de futebol enquanto as grandes
maiorias não encontram sequer abrigo seguro para morar.
Agora é hora
de toda a classe trabalhadora continuar o movimento de reivindicações por
melhores condições de vida e contestação de tudo aquilo que não lhe interessa –
o lucro do patrão, a concentração de terras e as bordoadas da polícia. As
centrais sindicais, todas elas juntas, já convocaram uma paralisação geral para
11 de julho. É dever da classe trabalhadora se unir aos camponeses e à
juventude, organizando-se num grande movimento social que arraste consigo todo
o povo brasileiro e, na dinâmica do seu arrasto, coloque abaixo toda a
estrutura que a explora ao mesmo tempo em que comece a levantar as novas bases
de uma sociedade sem desigualdades e injustiças.
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