Sei que o momento é de necessidade de concretude(FMS), ou melhor, factibilidade como diriam algumas pessoas queridas, mas gostaria de compartilhar uma sensação- que é uma permanência no abstrato, enfim. Na historinha abaixo, por sinal bem conhecida, tentamos ilustrá-la.Também é uma referência à postagem " Entre dois céus, tensão congênita ao "jurídico".
O velho no burrico
Um dia, um velho num burrico surgiu para o moço com uma proposta singular: derrotar os moinhos de vento! Na verdade, o velho chamou os moinhos, dragões, e acreditava piamente estar montado em um puro sangue. Também dizia que lutava por amor à sua musa.
Por algum motivo, sabe-se lá qual, o moço, mesmo vendo que os objetivos do velho eram absurdos- seja porque não existiam dragões, seja porque não acreditava que o amor pudesse ainda tocar alguém daquela idade-, decidiu segui-lo nesta jornada.
Passaram-se anos neste sempre buscar. A cada moinho, ou melhor, dragão, mais evidentes ficavam as escassas energias do velho cavaleiro. E quanto a sua sanidade... Bem, esta não dava notícias há muito tempo. Contudo, seu fiel escudeiro sempre estava lá. Tendo plena consciência da surrealidade em que se metera, jamais pensara seriamente em abandonar o velho cavaleiro persistente.
Mas isso não queria dizer, contudo, que não tentara demovê-lo de seu nobre intuito. Tentou algumas vezes. Sem sucesso, obviamente.
Assim continuaram os dois companheiros com sua missão até o dia em que foram chamados de volta a terra de onde todos viemos. Primeiro o velho, depois o moço, como parece ser de praxe, quando não se está sob a avessa era das exceções.
Mas que lição podemos tirar deste destino aparentemente infértil a que se submeteram esses dois seres: um, provavelmente, por uma peça bem pregada por sua mente; o outro, por livre e espontânea vontade? Talvez a resposta, se é que ela existe, estivesse o tempo todo com o último.
A busca, em verdade, era de um só.
Comento, ora pois!
ResponderExcluirLi e fiquei me perguntando: o que será que esta misteriosa mensagem da Naiara quis dizer?
É claro, não é tão misteriosa assim, se pensarmos na historieta, a primeira utopia moderna, de Quixote e Sancho. Um, contra os moinhos de vento; outro, contra os que são contra os que são contra os moinhos de vento. Um desconforto generalizado, sem sombras de dúvidas. Mas outros dois céus, sem nuvens de clarezas...
Mas uma tensão externa ao "jurídico" se me apareceu. De um lado, o utposita; de outro, o realista. Se o jurídico carrega uma tensão para todos aqueles que não se conformam com o direito existente, a tensão quixotesco-sanchiana é de outro matiz, ainda que diga respeito à mesma realidade. Não é à "intrisicidade" (se é que existe esta palavra) do direito que se trata, mas a sua exterioridade. De fato, direito é política, mas o é não sem que possamos desconsiderar a criação de um discurso que vê no direito total autonomia (a qual, pós-Quélsen, virou científica). Portanto, é mais política como transição que como consolidação. É mais a prévia de uma normatização social que sua construção em uma nova sociedade. E é exatemente por isso que fico na dúvida: Quixote, o louco varrido, não é o mais lúcido de todos?
A esfinge continua pairando...
É...Foi uma boa interpretação, Pazello.
ResponderExcluirsrsr.
Você trouxe à tona o caráter da exterioridade do "continho".
Xero
:)