Esta imagem representa o momento da realização de um círculo de cultura, experiência que caracteriza o modo de trabalho popular de Paulo Freire.
O círculo de cultura é o momento da troca da educação popular entre os animadores e os demais participantes, quando todos reúnem-se em círculo para dialogar, comunicar-se, na busca de conscientização e cultura.
A metodologia dialógica-problematizadora implica numa pesquisa dos temas geradores, que são captados, estudados, colocados num quadro e desenvolvidos como temas problemáticos. Os temas geradores estão presentes no conhecimento e visão de mundo dos camponeses e urbanos. A partir deste conhecimento se poderá organizar o conteúdo programático da educação, um conjunto de temas sobre os quais educador e educando, como sujeitos cognoscentes, exercerão a cognoscibilidade. (FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação. 10. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992, p. 68)
Paulo Freire utilizou esta abordagem para criar um método de alfabetização. Seu trabalho foi desenvolvido inicialmente como um projeto de extensão da Universidade Federal de Pernambuco. Os resultados obtidos na primeira experiência exitosa foram 300 trabalhadores alfabetizados em 45 dias, do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. O plano de ação para o ano de 1964 previa a criação de 20 mil círculos de cultura, podendo alfabetizar cerca de 2 milhões de brasileiros. Poderia ter acabado com o analfabetismo no Brasil se fosse levado a diante. O método Paulo Freire foi substituído pelo MOBRAL, que depois de 18 anos deixou 30 milhões de analfabetos no Brasil. (FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade (1965). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.p. 03-04).
Além da alfabetização de adultos e crianças, Paulo Freire propôs um projeto educativo total e permanente para o Brasil. Uma proposta feita para o estado de Pernambuco, nomeada sistema de educação do homem do povo é a seguinte:
1º) alfabetização infantil;
2º) alfabetização de adultos;
3º) ciclo primário rápido;
4º) extensão universitária (universidade popular);
5º) Instituto de ciências do homem;
6º) Centro de estudos internacionais (com foco sobre questões do terceiro mundo).
(BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é método Paulo Freire. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 84)
O segredo de Paulo Freire foi ajudar o alfabetizando a se descobrir criticamente como fazedor do mundo da cultura.
Ribas,
ResponderExcluirMuito legal essa postagem. Tantas ideias simples e geniais que Paulo Freire criou. Por que será que é tão difícil praticar?
Grande abraço!
:)
Talvez seja difícel aplicar, porquê temos que nos despir de nossa condição de "senhores do conhecimento" com um conhecimento "superior" ao saber popular e mantemos uma relação vertical de poderes...
ResponderExcluirCreio que existam várias dificuldades, além dessa dificuldade de se libertar da condição de "senhor do conhecimento".
ResponderExcluirEu entendo como uma das dificuldades essenciais: apoio financeiro, organização popular disposta a construir conjuntamente com os assessores, rara sistematização das experiências, dificuldade de manter a continuidade (saída de membros dos grupos, mudanças de conjunturas políticas internas e externas das organizações populares com quem se trabalha).
Um dos setores que mais colocou em pratica a educação popular veio de setores progressistas da igreja católica, através de suas pastorais sociais.
A própria estrutura clerical facilitiva. A possibilidade de imersão na comunidade, condição interessantíssima para se desenvolver práticas de educação popular, era garantida através da própria condição enquanto sacerdote nas paróquias, e também o financiamento e estrutura das atividades via igreja.
Um livro interessante sobre ed. popular é um de Clodovis Boff, que era padre e estabeleceu seu trabalho a partir desta condição.
A meu ver, o grande desafio que está lançado pra nós hoje é termos o grau de organicidade e suporte que as pastorais tiveram sem dependermos de financiamento da igreja ou qualquer setor que destruir a independência do nosso trabalho.