sexta-feira, 17 de junho de 2011

Mostra o que ninguém vê

Mais um trabalhador rural é assassinado no Pára, o sexto em menos de um mês.


Foi assassinado no Acampamento Esperança, município de Pacajá, Pará, o trabalhador rural Obede Loyla Souza, 31 anos, casado, pai de três filhos, todos menores, na quinta-feira (9/6), por volta do meio dia,.

Os indícios são de que Obede foi executado com um tiro de espingarda dentro do ouvido, a 500 metros de sua casa.

Seu corpo foi encontrado somente no sábado, dia 11, por volta das 14h, e levado para a cidade de Tucuruí, onde foi registrado o Boletim de Ocorrência Policial.

Após seu corpo ter sido liberado para o sepultamento, já no cemitério, a Força Nacional chegou à região, suspendeu o enterro e levou o corpo para Belém para perícia.

Na madrugada desta terça-feira, o corpo chegou de volta a Tucuruí, para sepultamento.

Ainda não se sabe exatamente o motivo que provocou o assassinato da vítima. Sabe-se somente que pelo mês de janeiro ou fevereiro, Obede teria discutido com alguém que representa na região o interesse de grandes madeireiros.
Obede questionou o fato de estarem extraindo madeira de forma ilegal, principalmente castanheira, que é proibido por lei, e por estarem deixando as estradas de acesso ao Acampamento Esperança e aos Assentamentos da região, intrafegáveis nesse período de chuvas.

No dia do assassinato, pessoas viram uma camionete de cor preta com quatro homens entrando no acampamento. Os vidros da camionete estavam abaixados. Quando perceberam que estavam sendo avistados, imediatamente suspenderam os vidros. A pessoa que os viu está assustada, pois acha que pode estar correndo perigo.

Na mesma época que Obede discutiu com essas pessoas ligadas a representantes dos grandes madeireiros da região, Francisco Evaristo, presidente do Projeto de Assentamento Barrageira e tesoureiro da Casa Familiar Rural de Tucuruí, também discutiu com eles pelo mesmo motivo.

Francisco afirma que há alguns dias um homem alto, moreno, com o corpo tatuado e em uma moto estava à sua procura no Assentamento Barrageira e que, por duas vezes, já foi avistado nas proximidades de sua residência, porém em nenhuma das vezes ele lá estava. Francisco, assim como a pessoa que avistou os quatro homens na camionete no dia da execução do Obede, correm perigo de morte.

Fonte: Da Comissão Pastoral da Terra (14 de Junho de 2011)

Este fato não pode ser visto como mais um ato isolado, todo um setor da sociedade brasileira se mobiliza para legitimar esses atos de Barbárie. Seja através do controle da mídia (impressa e televisiva) seja pelo forte controle jurídico que possuem. Hoje não recomento um video, mastigado pela crítica, muito menos um video subversivo. Indico um video que poucas pessoas assitiram, mas que existe, e um movimento que se organiza no silêncio.

MST: Organização Terrorista

MST: por dentro da Verdade

Abraços

Um comentário:

  1. Precisamos estar constantemente denunciando todas essas barbáries e nos colocando, lado a lado, dos trabalhadores e oprimidos pelo sistema. Sei que a Esperança que, ironicamente (ou não), dá nome ao acampamento de Obede, também sofre um abalo muito grande nessas horas. Mas temos alguma outra opção? "Por nossos mortos, nem um minuto de silêncio. Toda uma vida de luta!"

    Me vem à memória um verso de Pedro Tierra 'Tecendo o Canto':


    "Recolho no ar teu verso claro
    à maneira dos cantadores
    do meu país.
    Hoje, silenciosa, a terra trabalha
    seus mortos como quem nutre
    sementes de luz.

    Possa algum perseguido,
    encerrado nos calabouços
    da América

    alcançar meu verso humilde
    e comporemos o vasto coro
    dos oprimidos.

    Não importa que hoje nos tremam os lábios
    e a voz caminhe incerta
    pela garganta,

    se amanhã o canto
    romperá na boca
    de milhões.

    Recolho entre as mãos teu verso
    como o fuzil do companheiro
    tombado.

    Não importa que o corpo
    de cada morto plantado
    tarde a florescer.

    (23/24, out. 74)

    (Poemas do povo da noite. Livramento,
    1979, p. 16)

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