Não fiques imóvel
À beira do caminho
Não congeles o júbilo
Não ames com desprendimento
Não te salves nem agora
Nem nunca
Não te salves
Não te enchas de calma
Não reserves do mundo
Apenas um canto tranquilo
Não deixes cair as pálpebras
pesadas como julgamentos
não fiques sem lábios
não adormeças sem sono
não te penses sem sangue
não te julgues sem tempo
Mas se
Ainda assim
Não o puderes evitar
E congelas o júbilo
E amas com desprendimento
E te salvas agora
E te enches de calma
E reservas do mundo
Apenas um canto tranquilo
E deixas cair as pálpebras
Pesadas como julgamentos
E ficas sem lábios
E adormeces sem sono
E te pensas sem sangue
E te julgas sem tempo
E ficas imóvel
À beira do caminho
E te salvas
Então
Não fiques comigo.
Mario Benedetti
"não fiques sem lábios"
ResponderExcluirObrigada, Vladimir.
Nayara, eu gosto muito da poesia de Benedetti. Acho que ela ilumina nossas práticas e nossas utopias. O que faz da AJUP uma nova "paidéia" é também a sua vinculação com o lúdico e o metafórico.
ResponderExcluirSobre essa, em particular, sugiro verificar ela declamada pelo "Fulano de tal:
http://www.youtube.com/watch?v=bfTLAmHNcpc
Vou conferir a dica, Vladimir.
ResponderExcluir:)
acho lindissímo esse poema do benedetti bem como a obra dele em geral pelo contrariamente pouco que conheço da obra dele.
ResponderExcluirconcordo muito contigo Vladimir sobre a utopia que esta nos desperta... Para mim, nos pensar sem sangue, elemento que dá vida, é nos pensar sem esperança, condição da vida no ser humano.
lembro que a primeira vez que li este poema estava em uma aula de espanhol, em santiago no chile, e a maestra, após lermos em conjunto, passou o vídeo que indicaste. Foi fantástico! E me lembrou tanto a prática AJUPiana que mandei para a lista da RENAJU na mesma hora, há mais ou menos dois anos atrás.
Pensava em colocar também este poema aqui, mas é uma satisfação (imensa) que tenhas o feito.
mariana de matos