quarta-feira, 28 de março de 2012

Juventude se levanta contra a tortura, no Brasil

Memória e cultura são modernos conceitos que se aproximam muito. E, no Brasil, isto poder ser visto a partir das últimas mobilizações. Memória e cultura não apenas palavras; mas, ainda que mais que palavras, não são apenas expressões do espírito e da mente; mais, são realizações materiais; são, enfim, luta do povo! 

É por isso que divulgamos o Manifesto do Levante Popular da Juventude contra Tortura e os atos que tomaram o Brasil esta semana, lembrando a ditadura civil-militar de 1964-1985 e cultivando sua crítica a ela.






Mas ninguém se rendeu ao sono.
Todos sabem (e isso nos deixa vivos):
a noite que abriga os carrascos,
abriga também os rebelados.
Em algum lugar, não sei onde,
numa casa de subúrbios,
no porão de alguma fábrica
se traçam planos de revolta”.
Pedro Tierra

Saímos às ruas hoje para resgatar a história do nosso povo e do nosso país. Lembramos da parte talvez mais sombria da história do Brasil, e que parece ser propositadamente esquecida: a Ditadura Militar. Um período onde jovens como nós, mulheres, homens, trabalhadores, estudantes, foram proibidos de lutar por uma vida melhor, foram proibidos de sonhar. Foram esmagados por uma ditadura que cruelmente perseguiu, prendeu, torturou e exterminou toda uma geração que ousou se levantar.
Não deixaremos que a história seja omitida, apaziguada ou relativizada por quem  quer que seja. A história dos que foram assassinados e torturados porque acreditavam ser possível construir uma sociedade mais justa é também a nossa história. Nós somos seu  povo. A mesma força que matou e torturou durante a ditadura hoje mata e tortura a juventude negra e pobre. Não aceitamos que nos torturem, que nos silenciem, nem que enterrem nossa memória. Não esqueceremos de toda a barbárie cometida.
Temos a disposição de contar a história dos que caíram e é necessário expor e julgar aqueles que torturaram e assassinaram nosso povo e nossos sonhos. Torturadores e apoiadores da ditadura militar: vocês não foram absolvidos! Não podemos aceitar que vocês vivam suas vidas como se nada tivesse acontecido enquanto, do nosso lado, o que resta são silêncio, saudades e a loucura provocada pela tortura. Nós acreditamos na justiça e não temos medo de denunciar os verdadeiros responsáveis por tanta dor e sofrimento.

Convidamos a juventude e toda a sociedade para se posicionar em defesa da Comissão Nacional da Verdade e contra os torturadores, que hoje denunciamos e que vivem escondidos e impunes e seguem ameaçando a liberdade do povo. Até que todos os torturadores sejam julgados, não esqueceremos, nem descansaremos.


Pela memória, verdade e justiça!
Levante Popular da Juventude




***

Informativo – Repercussões na mídia do Escracho Nacional – Levante Popular da Juventude


O Levante Popular da Juventude realizou nesta segunda-feira (26/03) atividades em defesa da Comissão Nacional da Verdade em seis capitais brasileiras. Os atos, conhecidos como “escrachos” ou “esculachos”, são ações diretas de denúncia de torturadores da ditadura militar, que ainda continuam impunes e levam suas vidas sem que nem mesmo os seus vizinhos ou colegas de trabalho tenham conhecimentos sobre seus crimes.

Segue abaixo a repercussão na mídia sobre essas ações:

8. Jovens protestam contra torturadores (O Estado de S. Paulo)
22. Seisestados protestam contra torturadores (Diário de São Paulo)
26. “Esculacho”: Pela primeira vez publicamente denunciadostorturadores no Brasil (KoBra - Rede de direitos humanos, articulação Brasil/Alemanha)

Reações dos Milicos:

1. Hienas do Kremlinpreparam juventude (A Verdade Sufocada)


A juventude brasileira não compactua com a mentira!

2 comentários:

  1. Todos nós só queremos a democracia e respeito às suas bases, por isso criticamos ações irresponsáveis como essa de estudantes fazendo justiça com as próprias mãos. Só isso. Como você se sentiria, caro estudante, no lugar de uma filha, que não tem nada a ver como o passado de um pai, que está sendo julgado a revelia da lei, ao ver a sua casa pichada, o que poderia também motivar outros crimes, como ocorreu naquela creche de São Paulo, cujos donos foram depois inocentados pela justiça. Também essa violência contra velhinhos no Rio que foram assistir palestras, constrangendo-os com graves ofensas. Uma rebelde mostra suas cicatrizes por ter sido imprudente e enfrentado a polícia (um policial tem que manter a ordem diante de violência, como se faz em todo o mundo, se preciso for usar arma não letal). Como reparar isso. Não é tão simples assim.

    ResponderExcluir
  2. Não é simples mesmo. Por exemplo, seria necessário abrir os arquivos, um decreto presidencial é suficiente. Seria necessário apurar responsabilidades, uma denúncia por sequestro ou ocultação de cadáver são suficientes. Seria necessário apoio da sociedade, menos hipocrisia e conservadorismo resolveria.

    ResponderExcluir