O Blogue da Assessoria Jurídica Popular inaugura a coluna AJP na Universidade que trará a contribuição de estudantes e pesquisadores universitários, com suas visões a respeito de temas como a assessoria e advocacia populares, a educação jurídica, as teorias críticas do direito e a relação entre direito e movimentos sociais. Para este primeiro semestre de 2015, preparamos uma seleção de textos produzidos pela Turma de Especialização em Direitos Sociais do Campo - Residência Agrária da Universidade Federal de Goiás (UFG), na Cidade de Goiás, como avaliação final para a disciplina de "Teorias Críticas do Direito e Assessoria Jurídica Popular", ministrado pelo professor da UFPR Ricardo Prestes Pazello. O primeiro dos textos relembra o VI Congresso Nacional do MST, um ano depois de sua realização. Boa leitura!
A hora e a vez da juventude insurgente sem terra
Adília Sozzi
Advogada popular em Minas Gerais e
estudante da Turma de Especialização em Direitos Sociais do Campo - Residência Agrária (UFG)
Maiara Batista
Advogada popular em Minas Gerais e
estudante da Turma de Especialização em Direitos Sociais do Campo - Residência Agrária (UFG)
Maiara Batista
Assistente social em Minas Gerais e
estudante da Turma de Especialização em Direitos Sociais do Campo - Residência Agrária (UFG)
estudante da Turma de Especialização em Direitos Sociais do Campo - Residência Agrária (UFG)
Tambores, violão,
patangomes e latão. A diversidade de instrumentos musicais era visível e iam
desde as baterias mais sofisticadas às latas improvisadas. Entretanto a real beleza
de tal diversidade vinha, principalmente, daqueles e daquelas que retiravam
música do imaginável, moviam-se e levantavam-se para criar sons, melodias,
palavras de ordem e novas relações.
Mostrando a sua cara, a Juventude
Sem Terra marcou presença no VI Congresso Nacional do MST, ocorrido entre 10 e
12 de fevereiro, com cores e ritmos no compromisso político com a Reforma
Agrária Popular. Presentes nos debates, construindo as místicas, participando
das mesas, organizando-se na Plenária da Juventude, vivendo a Marcha, a Juventude
Sem Terra reafirmou junto ao MST quem são os inimigos da classe trabalhadora: o
latifúndio, o agronegócio, as grandes empresas internacionais, os bancos, a
grande mídia, o Estado Burguês, e comprometeu-se em denunciá-los e lutar por uma Reforma Agrária Popular.
Muito mais que garantir os
direitos normatizados em lei, o MST e sua Juventude desejam insurgir, construir,
nas barbas do capitalismo, aquilo que ainda não existe, visando a uma
modificação societária. Estes e estas jovens, junto a tantos outros e tantas
outras, organizam-se em movimentos sociais, partidos políticos, buscando
construir um Projeto Popular para o Brasil. Estes e estas, por se indignarem
com a realidade brasileira, juntaram-se em Junho de 2013 e saíram às ruas para
mandar um recado às instituições: elas não nos representam, ao contrário, estão
aí para resguardar os interesses da minoria privilegiada das classes dominantes
no Brasil. E tamanho o acerto deste recado que os movimentos populares curtiram
e compartilharam esta ideia através da proposição de um Plebiscito Popular por
uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. Este cenário de
mobilizações demonstra uma grande disposição do povo brasileiro em defender os
interesses nacionais, o acesso a direitos sociais e à participação social.
Ativa neste processo está a
Assessoria Jurídica Popular, composta em sua maioria por jovens advogados, advogadas
e estudantes que, com suas redes e articulações, fortalecem os movimentos
sociais na criação e recriação do direito de resistência, que insurge em nova
normatividade real através de práticas jurídicas plurais seja dentro da ordem,
fora da ordem ou contra ela.
Criando assim a soberania
popular, consagrada na Constituição Federal e, ao mesmo tempo, rompendo os
limites à participação popular impostos na carta constitucional, os movimentos
sociais e sua juventude exigem a necessária transformação do sistema político
brasileiro que avance na conquista da democracia e defesa dos interesses do
povo brasileiro.
Se a maioria dos deputados e
senadores recusa-se a alterar o sistema político que garante seus privilégios e
daqueles que financiam suas campanhas, nós, Juventude do campo e da cidade,
nós, classe trabalhadora agimos: realizamos o Plebiscito Popular por uma Constituinte
Exclusiva e Soberana do Sistema Político que avança, com a criatividade,
rebeldia e ousadia da juventude na construção para Poder Popular.
Juventude que ousa lutar constrói
o Poder Popular!
Pátria Livre, venceremos!
***
Leia também:
SAJU-CE e o plebiscito popular, 14 set. 2010
Juventude se levanta contra a tortura, no Brasil, 28 mar. 2012
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