Nós somos o NAJUP Luiza Mahin, o núcleo de assessoria
jurídica popular que homenageia em seu nome uma mulher negra africana que foi
escrava na Bahia, liderou a revolta dos Malês e seguiu liderando insurgências
aqui no Rio de Janeiro, onde nós nos criamos. Essa mulher é um símbolo daquilo
que nos une, da revolta contra as opressões, da força para lutar por um mundo
diferente onde todos possam ter seu pedaço de terra e determinar suas vidas.
Luiza Mahin lutou contra a escravidão, manteve-se pagã, não aceitando nunca o
batismo, nunca abandonando sua cultura para adotar aquela que tentavam lhe
impor.
E como ela, nós nunca nos deixaremos vencer por forças que tentam
fazer crer a todos que o mundo só pode ser assim, que uns devem ser
sacrificados para que um certo progresso aconteça. Se progresso significa
desigualdade e falta de liberdade inclusive para os que por ele são
beneficiados, mas que não podem determinar quais serão os caminhos que
trilharão e em que mundo querem viver, nós o repudiamos.
Acreditamos em um mundo onde cada um é autor de sua história
e que, junto com seus semelhantes, a escreverá com as mais belas palavras de
união, consciência e força. Não acreditamos nos doutores que se pretendem donos
da verdade sem conhecer o que é a vida daqueles que os cercam, sem saber o que
foi necessário para que a comida que os alimenta chegasse à sua mesa. Afinal,
como diz o sertanejo “quem é de nós é mais ignorante, eu que não aprendi a ler?
Ou você se morresse de fome, se não me desse o que fazer?”.
Por isso, nós não queremos estar só na universidade, vemos
no mundo nossa maior escola e vamos buscar nele as pessoas com as quais vamos
construir nosso conhecimento. Queremos aprender com aqueles que sentem a cada
dia, o que é ser explorado, precisar do serviço público, ser estigmatizado e
não ter oportunidade de alcançar o que a TV nos diz que traz felicidade. É no
construir com essas pessoas que a palavra práxis pode fazer sentido, é no
diálogo entre sabedoria popular e academia que podemos pretender encontrar as
soluções para nossos conflitos e injustiças.
Estamos juntos pois acreditamos que a prática do direito
pode ser insurgente e transformar a realidade. Nos marcos da educação popular,
queremos construir uma assessoria jurídica que se diferencia da assistência,
posto que visa empoderar os sujeitos a que assessora, a partir do
conhecimento construído em seu contexto e da conscientização crítica. Queremos
tornar esse instrumento que tradicionalmente é usado para manter o status
quo, o jurídico, acessível a todos e, quem sabe, uma válvula para
mudanças.
E por tudo isso, gritamos:
"Eu uno minhas mãos nas suas e uno meu coração ao seu,
Para que juntos possamos fazer aquilo que não posso, não
quero e não devo fazer sozinho
Agora somos fortes e somos loucos,
Na nossa utopia, somos atores conscientes do nosso papel
E lutaremos juntos, para libertarmo-nos dos grilhões que nos
prendem
Eu uno minhas mãos nas suas e uno meu coração ao seu,
Para que juntos possamos fazer aquilo que não posso, não
quero e não devo fazer sozinho:
A luta"
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