Ocupação da Assembléia Legislativa do Paraná, na tarde de 5 de dezembro (foto do blogue Boca Maldita) |
“Não à privatização!”
“Vergonha! Vergonha!”
Estas foram as palavras de ordem que puderam ser ouvidas hoje à tarde, na Assembléia Legislativa do Paraná (ALEP). Várias organizações e movimentos populares ocuparam e permanecem no local que é conhecido como a “Casa do Povo”. No entanto, esta casa parece não estar escutando o que o seu povo quer: “não à privatização!”
O governo estadual paranaense e sua bancada de deputados na ALEP permanecem com a intransigência de não retirar de pauta o Projeto de Lei 915 (PL 915). A intransigência levanta muitas dúvidas, já que os deputados da situação insistem em votar ainda hoje o referido PL que tem por intuito privatizar serviços públicos essenciais, como os que envolvem a saúde, por meio da criação de organizações sociais (as OS) para gerirem estes serviços.
Os manifestantes informam, diretamente do plenário ocupado da ALEP, que estão sofrendo pressões de todo o tipo, especialmente da polícia militar que fechou os corredores para que nenhum dos manifestantes saia do local. Além disso, há denúncias de que policiais à paisana estão se infiltrando junto aos manifestantes e os ameaçando para que saiam do plenário. Também, os deputados governistas insistem em não suspender a sessão, para que possam votar a constitucionalidade da lei e, ainda, exigem a restrição da participação popular nesta votação.
Ou seja, a polícia está ameaçando usar a força para retirar os manifestantes da “casa do povo”.
Há um forte consenso entre os manifestantes acerca da necessidade da concentração e da exigência, por meio da manifestação pacífica, de que se retire de pauta o PL. Fazendo uma assembléia popular dentro da assembléia legislativa tornam verdadeiro o nome de “casa do povo”, decidindo pela ocupação e sua manutenção até que se retire o projeto de lei da pauta de votação; que se marque uma audiência pública para debater a questão; e que se repudie qualquer ato de violência contra a legítima manifestação do povo paranaense.
Este é o clamor que fez várias pessoas se insurgirem contra iniciativas antipopulares e antidemocráticas; o mais triste é que o dia 5 de dezembro é o do centenário do lutador do povo Carlos Marighella, assassinado pela ditadura militar, um dos combatentes contra qualquer ato de repressão e de restrição dos direitos dos trabalhadores e das classes populares.
Força aos ocupantes!
Não à privatização!
***
Ler carta dos manifestantes reunidos em torno do Fórum Popular de Saúde (FOPS):
Hoje, dia 05 de dezembro, dia do centenário do lutador Carlos Mariguella, nós, estudantes, movimentos sociais, sindicatos, centrais sindicais, movimentos artísticos culturais, e diversas entidades, ocupamos a Assembleia Legislativa do Paraná pela retirada do PL 915 da pauta de votação. E daqui sairemos apenas junto com a retirada do projeto.
Isso porque entendemos que a maneira como o tema foi encaminhado pelo governo do Paraná é totalmente anti-democrática, não respeita os trabalhadores e os usuários dos serviços que serão privatizados com esse PL, entre os quais a Saúde, a cultura, o meio ambiente, entre outros. Não houve qualquer consulta à população sobre o tema. O projeto mal chegou a esta casa no dia 23 de novembro e já foi colocado na pauta de votação. Os ocupantes aqui presentes representam boa parte da população, que exige uma Audiência Pública sobre o assunto.
Há uma série de movimentos hoje, no Brasil e no mundo, que mostram que a população e os trabalhadores não devem aceitar qualquer proposta que signifique um ataque aos seus direitos. Representamos a vontade de 3400 delegados que na 14 Conferência Nacional de Saúde disseram não às organizações sociais (OS). Um “não” que partiu da população em vários estados do país.
Nosso movimento é legítimo e plural. Nossa resistência é pacífica. Nem um passo atrás, em defesade nossos direitos sempre.
(a carta foi extraída do Blog do Esmael)
Ver, ainda, reportagem da RPC TV: Manifestantes invadiram plenário da Assembléia
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