Por Ana Lia Almeida
A violência contra as mulheres vem crescendo assustadoramente no estado da Paraíba. Neste ano, que está apenas na metade, já foram 65 assassinadas, o que supera o total do ano passado inteiro. Na semana passada, três de nós a menos – inclusive uma professora universitária, quebrando o mito de que esse é um problema ligado às classes populares. O que isso significa?
Em primeiro lugar, reflitamos que a violência dirigida contra nós é bastante específica, e não deve simplesmente entrar na conta da violência urbana. Sua causa é o machismo, que nos faz acreditar que os homens são superiores às mulheres e senhores delas. Esta ideologia está incutida na mente de homens e também de mulheres, e é reproduzida em todos os espaços sociais: nas escolas, na família, no trabalho, na mídia, nas piadas etc.
Segundo: a violência contra a mulher não está presente apenas quando somos assassinadas. Esse é o seu auge, mas ela permeia o cotidiano das relações sociais. São violentos quando nos fazem cozinhar e lavar os pratos sozinhas, todos os dias. A violência está também quando reclamam que nossa roupa está curta e por isso nos impedem de sair de casa. São violentos quando passam a mão em nosso corpo sem a nossa permissão. São extremamente violentos quando se aproveitam da condição de patrão para nos tratar como presas fáceis. A violência machista está em toda parte, e temos que denunciá-la.
Marcha das Vadias - Brasilia Foto de Jon Galvão - arquivo pessoal |
Talvez a violência contra a mulher não esteja propriamente crescendo, mas tendo maior visibilidade. Talvez esteja mesmo crescendo, em resposta ao enfrentamento que estamos fazendo a ela (edição de leis especiais, promoção de algumas políticas públicas, a própria visibilidade do movimento feminista – vide a marcha das vadias). De qualquer forma, ela é inaceitável. Vamos continuar nos organizando para nos fortalecer unidas. Você, leitora, procure um coletivo feminista ou crie seu grupo de mulheres para conversar sobre tudo que destrói nossas vidas e nossa dignidade. Por você, por nós, pelas outras. Nenhuma mulher a menos.
Somos todas um mar de fogueirinhas. Adaptação livre de Eduardo Galeano Foto de atividade de roda de conversa com mulheres em Planaltina-DF |
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