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segunda-feira, 20 de abril de 2015

Poema "Resistência no Paraná"

Por ocasião da segunda etapa do curso Lutas Populares do Paraná, organizado pelo Centro de Formação Milton Santos-Lorenzo Milani em parceria com o CEPAT, torno pública pequena aventura poética, resultado de estudos sobre a "Resistência no Paraná: índios e negros invocados".

***

RESISTÊNCIA NO PARANÁ: ÍNDIOS E NEGROS INVOCADOS

Para o amigo Cido

I. Resistência indígena ante o “vazio demográfico”

Levanta, Guarani!
Levanta-te, Caingangue!
Levanta e vem, Xetá!
Levanta e vai, Xocleng!

*
 
1. Levanta, Guarani!
E amplia as reduções
Pacifica o branco “brabo”
Deblatera contra o estado
Peabiru, suas missões

Resgata Guairacá
Chorando Sete Quedas
Cinco exércitos vencidos
Cinco séculos perdidos
Recupera as tuas terras

Cacique Guairacá
2. Levanta-te, Caingangue!
E faz guerra ao invasor
Segue o exemplo Carijó
Vai e ocupa o Inhoó
Recuar é tua dor

Assusta o tal Barão
Derruba sua bandeira
Ataca aquele aldeamento
Pra impedir o arrendamento
E refaz tua fronteira



3. Levanta e vem, Xetá!
Faz, sim, ecoar tua voz
Do forte tronco Tupi
Reaparece bem ali
Onde se foi de nós

Preenche o sempre vazio
Imposto já a espingarda
Extermina teu algoz
E o museu, feição atroz
Lhe expondo a retaguarda

4. Levanta e vai, Xocleng!
Ocupar o Ibirama
Pois dileto foi você
Para a família Jê
Construir sua própria trama

Rompido Paraná
Sem cordão umbilical
Te alimenta o filho índio
Nada menos ameríndio
Em sua terra natal

5. Cuaraí Oguatá,
Ocoí, Iviporã,
Xetá, Marangatu,
Araçaí, Coho Um
M’Biá, Itamarã

Guaíra, Guairacá
Vaiton, Viri, Condá
Jataí, Arapquembé
Mangueirinha, Cretã
E Cacané Porã

Cacique Ângelo Cretã

Levanta, Guarani!
Levanta-te, Caingangue!
Levanta e vem, Xetá!
Levanta e vai, Xocleng!

**

II. Resistência negra ante o “Brasil diferente”

1. Irrompe, Povo Negro!
Evoca, assim, teus bantos
Quantos ancestrais sagrados
Em corpos escravizados
E em incontidos cantos

Insurge, Negro Povo!
Contra estas leis tiranas
De vãos colonizadores
Sesmeiros e (maus) feitores
Torturas veteranas

Documentos sobre a abolição da escravatura no Paraná

2. Rebenta, Povo d’África!
Revela ao Paraná
Que se diz ume estado alvo
Mas que nunca esteve a salvo
Do pranto em iorubá

Ressurge, Quilombola!
Jogando capoeira
Vai trocar a mão com pé
Respeitar o candomblé
No Vale do Ribeira

Navio idêntico ao Cormorant, do combate de Paranaguá

3. Atenta, Negritude!
Tua elite traficante
Combatente em nosso porto
Para ver o negro morto
E agride o Cormorant

Insurge, Povo Negro!
E vai dar o teu Ultimatum
Libertando tua irmandade
Construindo outra sociedade
Com cheiro, som e tato

4. Angolas, Congos, todos
Bantos pretos, Cabindas
Mais Cassangas e Rebolos
Outros Benguelas e Crioulos
De quimbunda e outras línguas

Também os Sudaneses
Nagôs, Jejes, Hauçás,
Minas e Guinés terão,
Mesmo mais que Redenção,
Suas terras, Paraná.


***

Levanta, Guarani!
Levanta-te, Caingangue!
Mas vem, Xetá, Xocleng!
Irrompe, Povo Negro!
Insurge, Povo Banto!


Coré-é-Tuba, 20 de abril de 2015.

Ricardo Prestes Pazello


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Leia mais:

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

"Feliz dia do dotô devogado", poema de André Dallagnol

Na semana do 11 de agosto, o blogue AJP divulga poema de advogado comprometido com o povo:


por André Dallagnol, 
advogado popular, integrante da Terra de Direitos

Feliz dia do dotô devogado, 
Daquele qui é responsáver
Pur colocá os pesin nas balança da justiça,
Pur levantá a venda daquela sinhora
Em favor dos que são necessitado

Feliz dia do dotô devogado
Que aprendeu ensinando
Que ensinou aprendendo
Que divide conhecimento
E sabe que riqueza é mais que dinhero
Que riqueza é sentimento

Feliz dia do estudante,
Que sabe ver aprendizado
Até no mais simples gesto
Feliz dia de todxs nós, do mais prático ao mais estudado!!!

O "dotô devogado"em uma oficina de direito junto com movimentos sociais

Da biblioteca "Poesia crítica do direito"

domingo, 18 de maio de 2014

Estudantes levaram o povo pra rua




Estudantes erguem uma bandeira
Bolitas para as patas dos cavalos
Uma mão espalmada cobre o rosto do anonimato
Um diretório livre
Um território livre

Estudantes ocupam um prédio
Dois pés sobre a mesa do Reitor
Um restaurante, uma casa, uma sala de aula
Pintadas com a cara e a cor do povo
Ombro a ombro do fundo do campo ao olho do furacão

Levaram o povo pra rua
Ela é sua!
pra baixar a passagem
pelo passe livre
pra incendiar o país

(Luiz Otávio Ribas, Rio de Janeiro, 2013)
FOTO: Pablo Vergara, Brasil de Fato, 2013

sexta-feira, 7 de março de 2014

A propósito da greve dos garis


Sobre greve dos garis, no Rio de Janeiro, o texto do professor de direito do trabalho da USP é exemplar. Com o título de "Em defesa do direito de greve dos trabalhadores garis: o encontro do carnaval com sua história", o artigo de de Jorge Luiz Souto Maior passeia do contexto histórico, envolvendo samba, carnaval e trabalho, até chegar aos eventos que têm marcado a greve dos lixeiros durante e após o mais recente período carnavalesco, bem como as decisões jurássicas, porém tão atuais, da justiça trabalhista brasileira. Definitivamente, 2014 iniciou em junho de 2013 e o tempo da pasmaceira, entre as classes populares e trabalhadoras do Brasil, está encerrado. É hora de construir, política mais que juridicamente, a unidade em torno das bandeiras necessárias para esse novo momento em que o descenso das massas já se tornou dado sociológico a ser considerado em pesquisas históricas sobre a década de 2000.

A propósito da greve dos garis, então, compartilho em primeira mão o poema de Pedro Carrano, inspirado em Drummond e musicado por Amauta T. D. da Insurreição, "Drummond e a rosa do povo ou Do lixo nasceu uma flor", que integra o livro "Três vértebras e um primeiro testamento".

Aqui, vídeo e letra:


drummond e a rosa do povo 
(letra: Pedro Carrano; música: Amauta T. D. da Insurreição)

(Dm6 C#7+)
foi uma cena curiosa
que não se vê todo dia
o carro banhado de lixo
e muita gente ao redor
do lixeiro atropelado

(Fm6 Bb7/9)
coitado, tão apressado
não é dono do seu tempo 
entre um assobio e outro
vai socando lixo dentro
do caminhão terceirizado

(Em A9)
e depois corre maroto
como alguém que perde o trem
entre um assobio e outro,
se agarra no rabo do bicho
pra virar lixo também

(Dm6 C#7+)
foi descuido não há dúvida
ao saltar do caminhão
pra pegar o que caiu
buzina! e logo o chão
relaxou nosso lixeiro

(Dm6 Fm6)
que ficou por ali mesmo
(Dm6 Am7/9)
matando um pouco o serviço,
(Dm6 C#7+)
julgado nos comentários:

Dm6
“que lixeiro distraído,
Fm  Em Dm6 C#7+ Dm6
foi  atropelar o  carro!”

sábado, 26 de janeiro de 2013

No itinerário pendente do fogo


Cícero Guedes dos Santos, militante do MST no Rio de Janeiro foi assassinado nesta madrugada. Rendemos homenagens à sua coragem que é inspiração para nossa luta com este poema de Jelson Oliveira:

No itinerário pendente do fogo

Poema de Jelson Oliveira em homenagem a Paulo Fontelles de Lima, advogado popular de movimentos sociais no Brasil. Foi fundador da Sociedade Paraense de Direitos Humanos, assassinado em 1987.

Brancas de cal as linhas do teu nome
Nas distâncias plantadas além das lavouras
O homem retornando da colheita
C’o sol encalhado na algibeira
Soube a notícia pelo sino
Que o silêncio faz soar sobre o vermelho

Nas casas nasceram relevos de tumulto
-algo como gravuras de relâmpagos
Rebentando através das roseiras

A vila pôs-se em peregrinação
Até o cerne do silêncio
Vestiram teu corpo de barra, por adoração
Um buquê de sabiás atraíram como manto teu
- cambraia cinza te abrindo em filigranas de prata

Criaram uma música sem aflição
Para circular teu exílio de ternuras
As senhoras do povo cantaram gravemente
Para alcançar o vácuo das alturas, em vigília
Houve um juízo e um delírio, paralelos,
Levando teu corpo além
No itinerário pendente do fogo...


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Poema memórias do movimento sem terra

Luiz Otávio Ribas

O que eu digo ainda não fiz, e não vivi
Só vivi como a minha palavra
Mas quero dizê-la para ajudar a ter um fim

Memórias do movimento sem terra
Dedicado a Jacques Alfonsin

Depois que o ferro quente cantou
os que tiveram a sorte de voltar para contar
lembraram aos risos o zunido das balas
que voaram perto de suas orelhas.

- Um policial atingiu um padre - disse alguém -, mas foi na perna.

Foi quando uma criança se levantou com
os dois pés na cadeira e ordenou com o punho cerrado:

- Então vamos à luta acabar com esses fiadaputa!



terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Presente de ano novo


Para todas e todos que constróem e visitam esse blog

O que não se pode comprar.

E vamos construindo outras formas de viver...

Por um socialismo cotidianamente construído, com portas e janelas abertas, músicas e filmes compartilhados e muita comida gostosa à mesa.

  


Latinoamérica Calle 13
Soy... soy lo que dejaron
Soy toda la sobra de lo que se robaron
Un pueblo escondido en la cima
Mi piel es de cuero, por eso aguanta cualquier clima
Soy una fábrica de humo
Mano de obra campesina para tu consumo
frente de frío en el medio del verano
El amor en los tiempos del cólera, mi hermano!
Soy el sol que nace y el día que muere
Con los mejores atardeceres
Soy el desarrollo en carne viva
Un discurso político sin saliva
Las caras más bonitas que he conocido
Soy la fotografía de un desaparecido
La sangre dentro de tus venas
Soy un pedazo de tierra que vale la pena
Una canasta con frijoles, soy Maradona contra Inglaterra
Anotándote dos goles
Soy lo que sostiene mi bandera
La espina dorsal del planeta, es mi cordillera
Soy lo que me enseñó mi padre
El que no quiere a su patría, no quiere a su madre
Soy américa Latina, un pueblo sin piernas, pero que camina
Oye!
Coro
Totó La Momposina:
Tú no puedes comprar el viento
Tú no puedes comprar el sol
Tú no puedes comprar la lluvia
Tú no puedes comprar el calor
María Rita:
Tú no puedes comprar las nubes
Tú no puedes comprar los colores
Tú no puedes comprar mi alegría
Tú no puedes comprar mis dolores
Totó La Momposina:
Tú no puedes comprar el viento
Tú no puedes comprar el sol
Tú no puedes comprar la lluvia
Tú no puedes comprar el calor
Susana Bacca:
Tú no puedes comprar las nubes
Tú no puedes comprar los colores
Tú no puedes comprar mi alegría
Tú no puedes comprar mis dolores

Calle 13
Tengo los lagos, tengo los ríos
Tengo mis dientes pa' cuando me sonrio
La nieve que maquilla mis montañas
Tengo el sol que me seca y la lluvia que me baña
Un desierto embriagado con peyote
Un trago de pulque para cantar con los coyotes
Todo lo que necesito, tengo a mis pulmones respirando azul clarito
la altura que sofoca,
Soy las muelas de mi boca, mascando coca
El otoño con sus hojas desmayadas
Los versos escritos bajo la noches estrellada
Una viña repleta de uvas
Un cañaveral bajo el sol en Cuba
Soy el mar Caribe que vigila las casitas
Haciendo rituales de agua bendita
El viento que peina mi cabellos
Soy, todos los santos que cuelgan de mi cuello
El jugo de mi lucha no es artificial
Porque el abono de mi tierra es natural
Coro
Totó La Momposina:
Tú no puedes comprar el viento
Tú no puedes comprar el sol
Tú no puedes comprar la lluvia
Tú no puedes comprar el calor
Susana Bacca:
Tú no puedes comprar las nubes
Tú no puedes comprar los colores
Tú no puedes comprar mi alegría
Tú no puedes comprar mis dolores
María Rita:
não se pode comprar o vento
não se pode comprar o sol
não se pode comprar a chuva
não se pode comprar o calor
não se pode comprar as nuvens
não se pode comprar as cores
não se pode comprar minha'legria
não se pode comprar minhas dores

No puedes comprar el sol...
No puedes comprar la lluvia
vamos caminando, vamos dibujando x2

Calle 13
Trabajo bruto, pero con orgullo
Aquí se comparte, lo mío es tuyo
Este pueblo no se ahoga con marullo
Y se derrumba yo lo reconstruyo
tampoco pestañeo cuando te miro
para que te recuerde de mi apellido
La operación Condor invadiendo mi nido
Perdono pero nunca olvido
Oye!
Vamos caminando
Aquí se respira lucha
Vamos caminando
Yo canto porque se escucha
Vamos caminando
Aquí estamos de pie
Que viva la américa!
No puedes comprar mi vida...

domingo, 4 de setembro de 2011

A revolução brasileira: cosmogonia de nossa ação cultural para a libertação

Hoje, economizarei palavras. Trata-se de uma verdadeira economia política da comunicação. Tem dias que precisamos falar, com longas frases e velhas palavras. Aqui, não: redondilhas e o novo se exasperarão! Há quem diga que vivemos em um país tranqüilo de povo pacífico. Nada mais equívoco. Basta olharmos para nosso inconsciente e vermos as veias abertas de nossa insurgência. Por isso, o poema abaixo - crivado com o gosto dos cambucás de nossa história, uma longa travessia que representa nosso legado de ação cultural para a libertação destinado às novas gerações. No poema, torto como nossa história, irmanam-se e conjugam-se a filosofia da insurgência com as experiências rebeldes desta mesma filosofia. Para o fronte!

A REVOLUÇÃO BRASILEIRA
cosmogonia de nossa ação cultural para a libertação

Ricardo Prestes Pazello


Com o braço de Palmares
República de quilombos
Insurretos militares
No exemplo de Porongos

Resistência, força crítica
De caingangues e xavantes
Nas batalhas guaraníticas
E de tantos retirantes



Nas colônias anarquistas
Libertários que improperam
Falanstérios utopistas
Descontentes proliferam

Grevistas de todo gênero
Farrapos e Julianas
De motins menos efêmeros
O poder, guerras cabanas

A revolta dos posseiros
Um acordo Contestado
Zoada de cangaceiros
Equador confederado



Sangue d'ouro em Carajás
Guerrilheiros no Araguaia
Cova grande onde jaz
O exército da Praia

Movimento combatente
Justo timbre do protesto
Conjurado, inconfidente
Num conflito manifesto

A disputa balaiada
O levante de Canudos
E as massas arrastadas
Jenipapo nos entrudos

Na Coluna em longa marcha
E nas Ligas Camponesas
Covardia não se acha
Sim, trabalho; não, tristeza


Seja em Trombas, em Formoso
Porecatu, Caparaó
É o povo, belo e ditoso,
Fazendo uma luta só

Na Intentona comunista
No projeto popular
O horizonte socialista
Uma estrela a nos guiar

Conspiram as nossas gentes
Tal malês em rebelião
Dentre outros INSURGENTES
Tudo foi revolução
...
Tudo é revolução!