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domingo, 18 de maio de 2014

Estudantes levaram o povo pra rua




Estudantes erguem uma bandeira
Bolitas para as patas dos cavalos
Uma mão espalmada cobre o rosto do anonimato
Um diretório livre
Um território livre

Estudantes ocupam um prédio
Dois pés sobre a mesa do Reitor
Um restaurante, uma casa, uma sala de aula
Pintadas com a cara e a cor do povo
Ombro a ombro do fundo do campo ao olho do furacão

Levaram o povo pra rua
Ela é sua!
pra baixar a passagem
pelo passe livre
pra incendiar o país

(Luiz Otávio Ribas, Rio de Janeiro, 2013)
FOTO: Pablo Vergara, Brasil de Fato, 2013

sexta-feira, 21 de março de 2014

Oficina de balanço da advocacia no Rio de Janeiro

O Grupo de Estudos e Práticas em Advocacia Popular - GEAP Miguel Pressburguer convida advogados e advogadas que atuaram na defesa do direito de livre manifestação de junho a novembro de 2013 para a oficina de balanço que ocorrerá no dia 03/04 às 18 horas na CAARJ (Avenida Marechal Câmara, 210, 6º andar - Rio de Janeiro-RJ). 

Estão convidados para o evento grupos e instituições como as comissões de direitos humanos e de segurança pública da OAB-RJ, DDH, Justiça Global, CAJP Mariana Criola, Habeas Corpus e Defensoria Pública. Na atividade pretendemos apresentar o trabalho de pesquisa do grupo e abrir o debate aos presentes.

O GEAP tem pesquisado os usos do Direito e as ações do Estado no tratamento das manifestações de rua na cidade do Rio de Janeiro em 2013. Nesta fase da pesquisa nos direcionamos aos advogados que atuaram na defesa do direito de livre manifestação, seja através de coletivos ou mesmo individualmente.

Como uma das ferramentas de pesquisa nos utilizaremos de um questionário, a ser respondido via internet, que no momento já está sendo aplicado. Se você atuou na defesa jurídica de manifestantes no ano de 2013 e deseja responder ao questionário, favor entrar em contato com: professorluizribas@gmail.com.

Para ler a nota metodológica e conhecer mais sobre o GEAP acesse:http://najupluizamahin.blogspot.com.br/




Balanço da advocacia nas manifestações de rua no Rio de Janeiro 2013

3 de abril de 2014, 18:00 – 21:00
Av. Mal. Câmara, 210, 6º andar, Rio de Janeiro-RJ


domingo, 9 de março de 2014

O manifestante, o “crime” e a “pena”: uma punição pelo direito de manifestar-se

Cláudio Silva (CE)*



Recebi uma ligação de um jovem, 22, que fora preso durante as manifestações ocorridas no período da Copa das Confederações. No dia seguinte seria ouvido em algum Juizado Especial Criminal. Confuso, sem orientação jurídica, não sabia a origem da “intimação”, apenas que sua mãe recebera uma ligação pela manhã, comunicando que seu filho deveria comparecer “na justiça”, no dia seguinte.

Acusação: incitação ao crime (3 a 6 meses de detenção). Fato: o rapaz, sem qualquer antecedente criminal ou qualquer conduta que signifique qualquer coisa próxima de um delito, estava sentado, na manifestação, quando foi preso, juntamente com dezenas de outras manifestantes.

Manifestar-se não é crime. Crime é impedir que alguém se manifeste.

No dia seguinte, o jovem compareceu – sem acompanhamento de advogado, por circunstâncias que inviabilizaram que sua família constituísse um assessor – ao Juizado Especial Criminal onde ouviu do representante do Ministério Público o oferecimento da transação criminal ("acordo"). A proposta, em síntese simplificada: o jovem manifestante paga um valor de 1 salário mínio e meio (algo mais de R$ 1.000,00) e não sofrerá o constrangimento, gastos (de dinheiro e tempo) e o “peso” de um procedimento em juizado criminal.

O jovem me diz ao telefone, confuso e constrangido, que sua mãe pagará o valor para encerrar a questão.

Caso encerrado!

Pergunta-se: quais as consequências dessa situação para uma suposta diminuição das condutas criminosas e efetivação da justiça? Qual o efeito desse procedimento para o avanço do Direito e aprimoramento da Democracia? Nenhum, quase nenhum ou mesmo um grande retrocesso.

Pergunta-se, agora, dissimuladamente: e quais as consequências dessa situação para o jovem manifestante, para sua família e para qualquer grupo em que ele porventura esteja organizado? Como se sente um jovem estudante, 22 anos, que talvez participasse de suas primeiras manifestações?

Esse caso é específico, mas não é pontual ou isolado. Antes disso, ilustra uma grave situação no Brasil.

Precisamos discutir com a sociedade – da forma mais ampla possível – a necessidade de recolocar as manifestações, protestos, reivindicações etc. como uma ação democrática, popular, legítima e legal. Qualquer pessoa pode e deve se manifestar contra algo injusto. Quando isso ocorrer de forma organizada, mais ainda deve ser defendido.

As acusações, corriqueiras, infelizmente, dos últimos meses, de “incitação ao crime”, a quem está se manifestando, devem ser completamente repudiadas, sob pena de criarmos um “clima” que inviabilize qualquer manifestação.

Manifestar-se é ato mais completo e objetivo de exercício de democracia!

Nessa luta – pelo direito a exercer o direito de manifestar-se – precisamos aglutinar o maior número de pessoas, setores sociais e interesses populares (vou falar apenas do Sistema de Justiça e da Comunicação):

- O Ministério Público não deve ser instrumento de criminalização casuística, infundada e ilegítima. Deve realizar sua função: Promotor de Justiça;
- O Judiciário não deve sofrer pressão dos meios de comunicação empresariais, voltados para o lucro da publicidade e interesses comerciais, e não a efetivação dos Direitos Humanos e da solução dos problemas do povo brasileiro;
- Devemos fortalecer a Defensoria Pública como instrumento de acesso à justiça “justa”, pelos mais pobres;
- A grande parcela dos servidores da polícia civil e militar são jovens trabalhadores mal remunerados, que realizam um ofício difícil e degradante. As greves e protestos realizados pelas polícias (militar, civil e federal) têm demonstrado várias de suas pautas trabalhistas, sindicais e legítimos interesses;
- Necessitamos de meios de comunicação populares, ao contrário das poucas empresas que controlam o sistema de comunicação social do Brasil.

Enfim, precisamos construir uma ampla aliança em torno das pautas populares no Brasil. Sem essa aliança, por mais fundamentadas que sejam nossas teses jurídicas e argumentos políticos, não conseguiremos vencer. E, nossa vitória, é a efetivação dos direitos do povo brasileiro.


*Cláudio Silva, advogado popular, defensor de Direitos Humanos e militante da Consulta Popular

terça-feira, 16 de julho de 2013

Mas o olé foi do povo



Miguel Lanzellotti Baldez

Crédito: Pablo Vergara - Brasil de Fato (RJ)


Deram o circo, e que circo? Muito bem montado, com grandes atores e até deslumbrados cantores de fala afiada e serviços indecifráveis mas tendentes ao cinismo, ensaiando enfim um esforço de forte tendência global. O povo, porém, embora parte de si tenha ido ao circo, correu às ruas de todo Brasil, em lindas e inesquecíveis manifestações, gritando, para o tempo de todos os tempos, numa só voz: - senhores do circo olhem nós aqui, estamos vivos.
Aquele grito alcançou toda a nacionalidade, e todos ficaram atônitos, pois difícil lhes pareceu explicar o acontecido. Será que o povo acordou, ou apenas parecia adormecido ou dopado por mentiras, arranjos, disfarces e outras guirlandas perversas a ele oferecidas por discursos e praticas oficiais ou oficiosas.
Ou será que o povo resolveu descobrir se do falso manto que lhe concederam de gigante adormecido para cantar o verdadeiro hino de libertação, um hino que é dele, e só ele sabe e pode cantar? É isto senhores atônitos e embasbacados: esta gente toda, Brasil afora está exercendo no fato da história seu poder constitucional, um poder que é só dele.

terça-feira, 9 de julho de 2013

O que as manifestações populares têm a ver com a classe trabalhadora?

Versão do texto publicado na edição especial sobre as mobilizações do jornal Brasil de Fato (Paraná) - Julho de 2013, ano 11, edição 540.


"Huelga" (1958), de Ricardo Carpani

O que as manifestações populares têm a ver com a classe trabalhadora?

Ricardo Prestes Pazello

Após 30 anos, o Brasil presencia grandes mobilizações de rua que chegaram a reunir mais de 200 mil pessoas em um só ato. Passeatas, protestos e manifestações que têm uma razão de ser. Mas qual é ela? É indiscutível o fato de que vivemos em uma sociedade muito desigual. Desigualdade que gera injustiças de todas as ordens e que pode se resumir na seguinte idéia: poucos com acesso a transporte, moradia, educação e saúde de qualidade e muitos sem terem condições de ver suas necessidades mais básicas atendidas.
O povo brasileiro começa a sair às ruas, praças e terminais porque as desigualdades sociais que vivencia passaram a ser insuportáveis. Saímos de um período ditatorial com a promessa de que a democracia poderia solucionar estes problemas, que não são de hoje. No entanto, as classes dirigentes de nosso país, associadas aos grandes interesses econômicos internacionais, pretenderam sufocar as reivindicações populares em um sistema político de baixíssima representatividade e em uma estrutura econômica que superexplora os trabalhadores.
É por isso que os gritos que ecoam nas avenidas apinhadas de gente dizem respeito, de modo direto, à grande massa de pessoas que constrói o Brasil trabalhando de sol a sol, tendo o suor de seu trabalho apropriado por patrões, fazendeiros e coronéis de toda espécie. Mudar o Brasil significa que homens e mulheres que trabalham na cidade e no campo se dirigirão às marchas e se farão ouvir, como há muito não ocorre.
A juventude, em sua ânsia de mudança, iniciou o processo de mobilização de nosso povo, exigindo transporte mais barato e de qualidade, bem como denunciando os irresponsáveis investimentos em estádios de futebol enquanto as grandes maiorias não encontram sequer abrigo seguro para morar.
Agora é hora de toda a classe trabalhadora continuar o movimento de reivindicações por melhores condições de vida e contestação de tudo aquilo que não lhe interessa – o lucro do patrão, a concentração de terras e as bordoadas da polícia. As centrais sindicais, todas elas juntas, já convocaram uma paralisação geral para 11 de julho. É dever da classe trabalhadora se unir aos camponeses e à juventude, organizando-se num grande movimento social que arraste consigo todo o povo brasileiro e, na dinâmica do seu arrasto, coloque abaixo toda a estrutura que a explora ao mesmo tempo em que comece a levantar as novas bases de uma sociedade sem desigualdades e injustiças.