Mostrando postagens com marcador Extensão Popular. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Extensão Popular. Mostrar todas as postagens

domingo, 19 de maio de 2013

Monografia Ivan Furmann UFPR 2003


FURMANN, Ivan. Assessoria jurídicauniversitária popular: da utopia estudantil à ação política. 2003. Monografia (Graduação em Direito) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2003, 111 p.

RESUMO
Na Assessoria Jurídica Universitária, a extensão universitária em Direito pretende inaugurar um novo diálogo com comunidades oprimidas pelo sistema social. Para a construção desse diálogo, propõe-se uma proposta de extensão universitária inovadora pautada nas teorizações de três grandes autores marxistas. Inauguram-se as reflexões com as idéias políticas de Antonio Gramsci, em seguida, aprecia-se a pedagogia do oprimido de Paulo Freire e, por fim, a teoria dialética do Direito de Roberto Lyra Filho. Essas teorizações fundamentam a cidadania e a participação popular como base para o desenvolvimento de uma estratégia pedagógica para a consecução de direitos. Logo, é possível relacionar duas propostas ideais de extensão universitária, denominadas ‘Assistência jurídica’ (a tradicional) e ‘Assessoria Jurídica’ (a inovadora). Não bastando a crítica ao modelo tradicional, expõe-se os princípios da Assessoria Jurídica e as questões relativas ao seu método educativo. Finalizando, relata-se experiências do SAJUP-UFPR auxiliando a formação de novos projetos de extensão inovadores em Direito.
Palavras-Chaves: Extensão – Universidade – Diálogo – Democracia – Cidadania – Marxismo – Educação.


terça-feira, 5 de março de 2013

SOBRE A AJUP ROBERTO LYRA FILHO

-->
Depois de muito tempo sem escrever neste blogue, retorno trazendo o relato das atividades que estamos desenvolvendo aqui no Planalto Central, a partir da Assessoria Jurídica Universitária Popular (AJUP) Roberto Lyra Filho.

Nossa AJUP pode ser considerada uma feliz convergência, começando por seu nome, que congrega a sigla da experiência de Pressburguer e Baldez no RJ (AJUP) com o nome daquele que é talvez a maior referência do pensamento jurídico crítico no Brasil, Roberto Lyra Filho, prata da casa, da Universidade de Brasília (UnB).

A AJUP é também a convergência de um grupo de advoga@s populares que, desde o final de 2011, passou a se organizar para atuar voluntária e coletivamente na defesa jurídica de movimentos sociais no Distrito Federal. Tudo começou com o apoio ao acampamento Gildo Rocha, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), passou pelo acampamento 8 de Março do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e também acompanhou casos de despejos na Cidade Estrutural (região administrativa que cresceu em torno do Lixão de Brasília) e a luta dos índios Fulniô-Tapuya contra a destruição do seu Santuário dos Pajés pelo capital imobiliário, em virtude da construção do chamado “Setor Noroeste”.

No início as dificuldades foram imensas, tendo em vista por vezes a nossa inexperiência, mas especialmente a falta de organização. Com o tempo, foi possível estreitar contatos e atuar de forma preventiva, antecipando conflitos que se avizinhavam. No entanto, a falta de um apoio institucional e a falta de contato com os estudantes da UnB gerava dúvidas sobre a continuidade dos trabalhos. Outro problema identificado era que a atuação se restringia à advocacia popular, sem congregar atividades de educação popular, e que ainda por cima assumia muitas vezes uma perspectiva imediatista, “apagando os incêndios” dos conflitos cotidianos.

Felizmente, foi posível congregar um grupo de estudantes da Faculdade de Direito da UnB e de outros cursos jurídicos de Brasília, e, com o apoio do professor José Geraldo de Sousa Júnior, coordenador da AJUP, foi possível a sua formalização no Decanato de Extensão da UnB como Projeto de Extensão de Ação Contínua (PEAC). Com isso foi possível obter apoios na forma de bolsas e fomentos, impulsionados ainda pelo apoio do Núcleo de Prática Jurídica (NPJ), no qual o projeto possui atualmente um espaço para sua organização.

A assessoria jurídica popular era até então relativamente desconhecida na FD-UnB, cuja trajetória é forte na construção de projetos de extensão que atuam na educação popular em direitos humanos, sempre sob a perspectiva do Direito Achado na Rua, mas sem maior experiência no campo da advocacia popular (a maior experiência nesse sentido havia ocorrido no caso da Vila Telebrasília, no início dos anos 1990). A AJUP veio portanto para se somar às iniciativas de extensão popular, com o diferencial de buscar articular 3 eixos de atuação: (i) advocacia popular; (ii) educação popular; e (iii) fortalecimento político dos movimentos populares.

A advocacia popular é entendida não apenas como a atuação jurídica perante o Poder Judiciário, mas também como assessoria técnica aos movimentos populares nas negociações que ocorrem cotidianamente com o Poder Executivo, no acompanhamento de projetos de lei em tramitação no Poder Legislativo, na promoção de debates com outros agentes do sistema de justiça (Defensoria Pública, Ministério Público etc), e muitas outras atividades que surgem no cotidiano da atuação.

Já a educação popular é vista como o meio para a construção do diálogo com o movimento popular, desde as lideranças até as suas bases, buscando socializar as informações geralmente “codificadas” pela linguagem jurídica e por todos os seus aspectos técnicos. Trata-se de um trabalho de tradução, além de uma atividade de pesquisa-ação, já que, na interação com a comunidade, é possível extrair, junto com ela, os principais problemas enfrentados no cotidiano da luta política e social.

O fortalecimento dos movimentos populares é promovido pelas atividades de advocacia e de educação popular, compreendendo que o papel d@ assessor@ jurídic@ popular não é o de liderar ou organizar @s trabalhador@s, mas contribuir para processos autônomos de organização popular, fortalecendo os movimentos já organizados, inclusive com a inserção de novas pessoas e de novas comunidades nessas organizações. Não há, portanto, uma dicotomia entre atuação na comunidade e atuação no movimento social, mas uma necessária articulação entre ambos os aspectos.

Talvez um dos maiores desafios enfrentados atualmente pela AJUP seja a construção de um equilíbrio dialético entre seus 3 pilares, já que não há na verdade uma separação estanque entre eles. Na prática, foi possível compreender o quão pedagógica pode ser uma luta política, motivo pelo qual a atividade de advocacia popular, quando impulsiona essa luta, pode ser considerada também uma atividade pedagógica (exemplo disso pode ser encontrado no video abaixo). Por outro lado, a advocacia permite a construção de laços de confiança com os movimentos populares, tornando os contatos e as atividades de educação popular mais propícias ao debate franco entre trabalhador@s e integrantes do projeto.


Atualmente, a AJUP está organizada em 3 frentes de atuação. Uma frente atua com o MTST; outra com os movimentos que compõem a Via Campesina; e a terceira com @s catador@s de materiais recicláveis da Cidade Estrutural e também com o Movimento Popular por uma Ceilândia Melhor (MOPOCEM). Não há portanto uma organização interna do projeto com base nos chamados “ramos jurídicos”, mas sim a partir dos movimentos sociais concretos com os quais o grupo se propôs a atuar. Assim, @s integrantes de cada frente buscam construir relações orgânicas de confiança com as organizações populares, propondo-se a assessorá-las nos temas considerados problemáticos e sobre os quais a AJUP pode dar contribuições efetivas.

O fato de ter em todas as frentes a congregação de advogad@s e estudantes, não apenas do Direito mas de diversos outros cursos (Psicologia, Comunicação Social, Ciência Política etc), faz com que a AJUP tenha uma atuação diferenciada. Não seria exagero dizer que o projeto é pioneiro nesse sentido, considerando o modo de atuação dos demais projetos e programas de AJP atualmente existentes no país, pois supera na prática a velha dicotomia entre "assessoria X assistência". Não à toa, em menos de 5 meses de criação, a AJUP já havia se tornado uma importante referência junto aos movimentos populares do DF.

Os desafios colocados para a AJUP hoje são inúmeros e imensos. Construir novos estatutos jurídicos de forma democrática e dialogada com @s catador@s de material reciclável, enfrentando o interesse de atravessadores locais e das grandes empresas do setor; pressionar junto com o movimento sem-teto o Poder Legislativo distrital pela aprovação de projeto de lei que impulsione a construção de moradias populares; pressionar o Poder Executivo distrital e federal a destravar a reforma agrária junto com a Via Campesina; ampliar o número de estudantes, sobretudo de outros cursos, nas frentes do projeto; construir novas frentes de atuação que dêem conta de outras demandas atualmente não contempladas (como nas áreas de saúde, educação, transporte, trabalho etc); construir uma política de comunicação interna no projeto e de divulgação mais efetiva aos eventuais interessados...

Essas são apenas algumas das tarefas e dos desafios colocados para o próximo período, que devem estar necessariamente vinculados à atividade de pesquisa-ação, para a qual a construção do Instituto de Pesquisa,Direitos e Movimentos Sociais (IPDMS) poderá prestar uma contribuição fundamental.

Estivesse vivo hoje, Roberto certamente estaria feliz e empolgado com o futuro da AJUP que leva seu nome. Vida longa à AJUP Roberto Lyra Filho!

Para saber mais:

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Tripé Manco

No último dia 28 de Julho, na faculdade Zumbi dos Palmares em São Paulo, em momento reservado ao ENEDEX (Encontro Nacional dos Estudantes de Direito Extensionistas) foi possível compartilhar com diversos companheiros algumas idéias sobre extensão universitária em Direito. Do painel participaram a professora Raquel Santana da Unesp, a extensionista Mariana do SAJU da USP e essa pessoa que vós escreve (Ivan de Curitiba)

Prometi repassar o que tinha escrito para o pessoal que estava lá e não imaginei local mais adequado do que o Blog de Assessoria Jurídica Popular. O texto está um pouco mal escrito, mas como não tinha objetivo de publicá-lo não fiquei revisando. Segue o link. do artigo "O Tripé Manco" – O papel da extensão universitária na produção de conhecimento e formação do profissional do direito.

E fico no aguardo de debates. Um grande Abraço!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Debatendo a educação jurídica na UFERSA

Os companheiros potiguares abrem espaço, em sua 1ª Semana Jurídica da UFERSA, para debater a educação jurídica em vários de suas dimensões: função, práxis, direitos humanos e extensão popular. Ótima iniciativa que contará com a presença, dentre outros, dos assessores jurídicos populares Daniel Araújo Valença e Hugo Belarmino de Morais, que além de tudo são grandes nomes da resistência crítica do direito no país. Um abraço, companheiros!

 
 

quarta-feira, 2 de março de 2011

Calourada do SAJU-SP e extensão

Sobre a universidade e a extensão popular

Por Luiz Otávio Ribas

A convite do SAJU-SP, ontem participei de atividade junto com o professor Marcus Orione e a assessora estudantil Amanda. Mais dezenas de calouros e veteranos que lotaram a sala dos estudantes - território livre da faculdade de direito da USP. Agradeço muito o convite e ao colega Prof. Ivan Furmann, pela parceria de sempre. Abaixo segue o texto de minha apresentação:

"É difícil encontrar motivos para estar na universidade, para ficar, para não ficar, para abandonar, retornar e ser expulso.

Calourada do SAJU-SP: Luiz Otávio, Amanda e Marcus Orione.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Carla Miranda e a práxis da assessoria jurídica universitária popular

Dissertação de Carla Miranda, intitulada "Na práxis da Assessoria Jurídica Universitária Popular: extensão e produção de conhecimento", no mestrado em Direitos Humanos da Universidade Federal da Paraíba, em 2010.


Resumo:
Fazemos aqui uma reflexão de uma prática social denominada Assessoria Jurídica Universitária Popular (AJUP). Das nossas próprias práticas ajupianas, naquilo que as falas dos seus membros explicitam sobre sua característica principal: sua capacidade crítica e emancipatória do direito, da universidade e da sociedade. Resgatamos seu marco teórico na experiência histórica dos movimentos teórico-práticos críticos do direito da década de 1980 e 1990. Mas no contexto da universidade em que se realiza hoje, falamos da prática enquanto uma extensão universitária e, marca de sua intencionalidade política transformadora, a identificamos com o movimento da extensão popular. Caracterização que, como uma práxis, ressalta a exigência de produção de conhecimentos socialmente útil na extensão. Esta caracterização enfatiza a educação popular como metodologia, mas na pluralidade de sentidos que o termo abrange hoje torna necessário perceber nos momentos metodológicos de implementação dessa práxis nossa real aproximação da unidade teórico-prática. Nesse sentido, as experiências sistematizadas nos mostram por um lado, o esboço de um modo próprio de fazer extensão popular em direito: um fazer com uma maior inserção comunitária, em que a investigação não é uma prévia, senão, parte mesma da ação, e que reconhece sociabilidades jurídicasoutras, além das oficiais. Mas mostram-nos também, por outro lado, nossas dificuldades ainda nesse exercício dialógico com o povo, nesse trabalho orientado por um sentido ético libertador. Pensar nas práticas em sentido ético é reconhecer que toda prática social traz consigo uma teria (como modo de ser, estar e conhecer), e produz conhecimento e transformação (ainda que conservadora) na reflexividade desses modos de se relacionar no mundo e com o mundo. Ou seja, nossas práticas, assim como o conhecimento que produzimos neslas, estão intimamente relacionadas a um modelo civilizatório. É aqui que falar em AJUP como extensão popular em direito, e da necessária produção de conhecimento útil nesta prática, retoma o debate do valor no conhecimento. As experiências demonstram um conhecimento útil, produzido na prática social, de modo relacional nas situações existenciais da vida. E é reconhecendo racionalidades diversas da racionalidade da ciência moderna que a extensão popular questiona profundamente a universidade. A compreensão das nossas dificuldades está no reconhecimento de que nossas práticas reproduzem muitas vezes a ética dominante e dominadora que tanto criticamos, especialmente quando não refletimos sobre os condicionados culturais em que também estamos imersos. No nosso caso da AJUP, é importante reconhecer os limites do nosso "olhar do direito", e tmabém, do olhar do "nosso direito". Nesse snetido, uma prática em sentido ético-libertador significa mais uma postura de questionamento constrante de nós próprios e nossas relações com o mundo, que da reprodução de qualquer modelo de prática "emancipatória". É no fundo um exercício de profunda autocrítica, de nós mesmos e de nossas práticas, que nos orienta para diminuir as distâncias entre nosso dizer e nosso fazer, para a realização concreta de uma prática libertadora e em Assessoria Jurídica Popular Universitária.

Palavras-chave: Assessoria Jurídica Universitária Popular; Extensão Popular; Produção de Conhecimento; Metodologia