Mostrando postagens com marcador poesia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador poesia. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Putalizar o direito


Mas putalizar? O que é putalizar?

Vai dar sim
Quantas vezes quiser
Direito de cu é rola
Ah, um mundo sem leis
Com três carnavais por ano

Uni-vos! Putalizá-vos! Putalizemos!
Em orgasmo coletivo
Subvertendo o jurídico

Porque a verdade é fácil
Corruptível
Puta!

Na mesa do salão do júri
Corpos se amam

Arte: Delta46, Foto: Jorge Rian Lopes

Autoria coletiva: Gisberta Kali, Luiz Otávio Ribas, Domenique de Jesus, Annie Helena Bastos Wilson, Adê Argolo, Ana Lia Almeida; Valença-BA, 28 nov. 2015

quinta-feira, 5 de março de 2015

Os sinais poéticos do direito insurgente para uma advogada popular

No dia do nascimento do poeta Patativa do Assaré, publicamos um texto lúdico da advogada popular Letícia Gondim Rodrigues sobre o direito insurgente. Trata-se do quarto texto da coluna AJP e Universidade, que reúne os resultados da turma de “Teorias Críticas do Direito e Assessoria Jurídica Popular”, da Especialização em Direitos Sociais do Campo da UFG, na Cidade de Goiás.


***

# Sinais do direito insurgente

Letícia Gondim Rodrigues
Advogada popular em Goiás
estudante da Turma de Especialização em Direitos Sociais do Campo - Residência Agrária (UFG)





# Miguel Pressburger foi um idealizador;
# O direito insurgente é usado por advogados e movimentos sociais na busca de um direito diferente do que está posto, é uma forma de resistência;
# A atuação no direito insurgente é dentro e fora da ordem, são as classes populares resistindo, contrariando e criando novas formas de executar o direito;
# Seria o direito insurgente o direito dos oprimidos;
# O direito insurgente não é apenas técnica jurídica, também se trabalha na vertente da assessoria pedagógica e da assessoria política;
# É dizer não à imposição das leis oficiais do Estado;
# O direito dos que buscam a verdadeira justiça;
# Direito insurgente: a luta faz a lei;
# O costume, que é reconhecido como possível e legítimo;
# Buscar o direito de todos;
# O advogado usa seu saber na construção do direito dos oprimidos;
# Novo direito, criado pela perseverança da população;

# Progresso jurídico. 


****

Leia também:

A revolução brasileira: cosmogonia de nossa ação cultural para a libertação, 4 set. 2011

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Sobre os ratos e seu direito à toca

Luiz Otávio Ribas, 2007

Os ratos movem-se por necessidade
Há homens que movem-se por necessidade e consciência
Ratos formam suas tocas sem pedir licença
Homens constroem suas casas e reivindicam seu direito de morar 

Os ratos vivem em meio aos homens
Há homens que vivem na condição de ratos
Quem dirá que o soldo do homem serve de alimento e abrigo?

Há propriedades que estão dadas aos ratos
A função social é exercida pelos homens 
Propriedade sem função social é igual a ninho de rato 
A toca é direito dos homens
Homens e ratos não podem conviver juntos

O que irá fazer o homem que não tem toca? 
O que fará o homem na presença dos ratos?

É lei para os homens que todos têm direito à toca
É lei para alguns homens que a propriedade vale mais que uma toca 
Há tanta terra cheia de ratos!
Há tantos homens sem toca!
Estão querendo pulverizar os homens 
Estão querendo abrigar os ratos
E se o rato virasse homem?
E se o homem virasse bicho!?

(Poema em homenagem a Chico Buarque e Manoel Bandeira, fazendo um diálogo entre a canção “Ode aos ratos” e a crônica “O bicho”)

Da biblioteca "Poesia crítica do direito"

quarta-feira, 24 de abril de 2013

As três vértebras de Pedro Carrano


As três vértebras de Pedro Carrano, escritor, jornalista e militante político de Curitiba, estréiam em livro solo, com vôo rasante e mergulhos de tirar o fôlego! A divulgação da notícia, aqui no blogue da AJP, se dá com muita felicidade. Quem puxou a orelha do livro de Pedro fui eu e não me arrependo!

***

Pedro Carrano estréia na literatura com invenção, lírica e conteúdo crítico




texto enviado pela Assessoria de Imprensa

O jornalista e escritor Pedro Carrano organiza sua estreia na literatura em um formato inusitado. “Três Vértebras e um Primeiro Testamento” (Edição do Autor, via lei de incentivo municipal) é uma espécie de coletânea, uma seleção de três livros escritos em momentos diferentes ao longo de mais de dez anos.
O primeiro livro desta seleta, “Olhos Sujos”, traz contos curtos, que transitam do fantástico à temática urbana, dialogando com autores como Marçal Aquino, João Antonio etc. Os textos se apóiam na temática para desvelar o absurdo com que a realidade é organizada nos dias de hoje, em um contexto de desumanização.
Alguns dos contos foram publicados originalmente na coluna Luzes da Cidade, do Jornal do Estado, na qual o autor publicou entre 2000 e 2003.
Logo em seguida, “Dissidentes”, livro de poemas curtos, é um exercício de invenção e diálogo com textos de autores que o marcaram.

Dialética entre a lírica e a temática social

Organizado na sequência das obras mais recentes para as mais antigas, “Três Vértebras e um Primeiro Testamento” deságua no terceiro livro, “Bomba-relógio”. Essa obra nasce na forma de projeto – ou talvez de jogo – buscando costurar uma unidade e uma narrativa do primeiro ao último poema, tendo como eixo o formato de sonetos. Ao longo do livro, “Bomba-relógio” vai se desdobrando em várias vozes, construindo uma dialética entre a temática lírica e a temática social.
“Sem deixar de trabalhar com cuidado a técnica, acredito que a literatura se engaja num projeto histórico e exige uma postura do escritor. E o autor deve ser comprometido politicamente com o seu tempo. O livro transparece essa tensão. Não parto de uma posição neutra ou comprometida ‘apenas com a arte’, embora, principalmente nos poemas, me permito experimentar e inventar ao máximo”, afirma o autor.
Como descreve o escritor Paulo Venturelli, que assina a introdução de Três Vértebras: “O livro — os livros — é provocante. Com seu escorregadio toque de quem está com as antenas ligadas nas circunstâncias, provoca no leitor a inquietação e o deslumbre, que não dispensam o raciocínio porque, sendo aberto como é, o livro — os livros — exige que o leitor teça com as linhas sugeridas um painel em busca do significado que será só seu”.

Autor

Diretor do Sindicato de Jornalistas do Paraná, repórter do jornal Brasil de Fato e assessor de imprensa sindical. Apoiador de movimentos sociais como MST e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e militante da organização política Consulta Popular. Participou do livro “As melhores entrevistas do Rascunho” (Arquipélago Editorial), além de antologias de poesia. Produziu também cartilhas para os movimentos sociais.
Realizou cursos de comunicação popular em comunidades do sul do México, onde viveu, e também em áreas de ocupação urbana em Curitiba, onde ajuda a organizar o jornal Folha do Sabará. Da sua experiência de repórter e educador em países como o México finalizou recentemente o livro de narrativas “Antes da Tempestade” (no prelo).

Três Vértebras e um Primeiro Testamento (130 páginas).
Data de lançamento: Dia 07 de maio (terça-feira)
Local: Sindicato de Jornalistas do Paraná, Rua José Loureiro (Sindijor-PR), 211, em frente à Praça Carlos Gomes. Fone: (41) 3224-9296
Horário: 19 horas. 
Contato para a imprensa: (41) 9827-5303 (Ednubia Ghisi)/ (41) 9643-5967 (Pedro)
Preço do livro: R$ 12,00.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Homenagens ao advogado Eugenio Lyra


Eugênio Lyra foi poeta e advogado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Maria da Vitória e Coribe, na Bahia. Foi assassinado em 22 de setembro de 1977 por denunciar crimes de grileiros da região. Gostaríamos de lembrar alguns de seus poemas e outros que foram escritos para homenageá-lo. Ele lançou os livros de poemas “Fogos fátuos”-1965 e “Abismos”-1968. Foi escrito o livro em seu nome "Eugênio Lyra, presente". Extraímos alguns poemas daqui e dali:

Delirium

Petição do processo 17.022

Terra em terra

Sem Título

Senhor capitão


Leia aqui uma seleção de alguns poemas em homenagem a Eugenio Lyra.
Lúcia Lyra, advogada e companheira de Eugênio, no Tribunal Nacional dos Crimes do Latifúndio, em 1987.

Outras postagens:

Poema em homenagem a Eugênio Lyra, Vladimir Luz, 21 de julho de 2010.

Lembrando quatro advogados populares assassinados: símbolos da resistência jurídica, Ricardo Prestes Pazello, 24 de abril de 2011.


sábado, 22 de setembro de 2012

Poemas em homenagem a Eugenio Lyra


Jelson Oliveira
Do livro “Raízes: memorial dos mártires da terra”

Eugênio Lyra


(Advogado dos trabalhadores/as rurais de Santa Maria da Vitória e Ecoribe, Bahia. Assassinado no dia 22 de setembro de 1977).

(Pesado, o tempo vestiu a suficiência do carvão
Engomado pelo destino severo da morte e suas ferramentas...)

Preservaste a dureza exata das verdades
Como rubis perpetuados no celeiro escuro da terra
Como peixe embebido no rio e suas diferenças
Como nuvem decifrando o enigma cilíndrico do azul.

Antes que a terra ouvisse o rouco grito
- e a queda do corpo recolhido
retornasse ao orvalho e à cal -,
foste um silencia estendido e úmido,
soprando acima dos tribunais armados.

Foste a fertilidade dos protocolos
E suas vasilhas de invejas e tiranias.
Habitante das legislações do amor e seus ninhos,
procuraste os roteiros desusados da Justiça
para traçar o direito proibido dos pobres.

Apartado como um rio, carregado de verdade e som,
Defendeste a integridade do povo
Na casa onde desfalece o corpo dos relâmpagos.
Indomado, acendeste a luz para lumiar
O caminho aos que te seguem noite adentro...



Vladimir Luz 

EUGÊNIO LYRA

Era uma vez uma criança que lia

E, num instante, a palavra lida se fez carne
Terra batida, sol a pino
Luz do sertão, mãos estendidas
Fez-se olhar sem ter onde
Corpo que espera o outro
Abraços de tantos que vagueiam

E a palavra se fez lei, grito calado
Latifúndio, latim
E a criança que lia virou homem, andarilho
Viu-se nos outros, como se via nas palavras
Pariu a si mesmo emprestando sua voz
Fez-se ato, gesto e luta
Homem que, por se fazer ser em muitos
Cravou sua sina

Era uma vez uma criança que lia
Eterna criança que se fez e se faz
Em nós – Justiça



A volta do ladrão de gado

Cordel anônimo em homenagem a Eugênio Lyra, 
de lavradores de Santa Maria da Vitória

Hoje eu vivo recordando
já não esqueço seu nome
de quem morreu inocente
pela tradição de uns homens
o saudoso advogado
o nosso Doutor Eugênio
que deixou grande saudade
do maior ao mais pequeno.

Eu peço ao Deus poderoso
o nosso pai de bondade
protegei todos que lutam
com essa dificuldade
dai muita força e coragem
à justiça para vencer
os grileiros da Bahia
senão muitos vão morrer.

Em 22 de setembro
houve este acontecido
foi isto em 77
gravei bem no meu sentido
quando chegou a notícia
que Eugênio tinha morrido
morto por um pistoleiro
mandando pelos bandidos.


Poema anônimo a Eugênio Lyra

Meu coração está magoado
minha alma está ferida
meu real advogado
por nós perdeu a vida.

Ó tristeza para todos nós
quanta amargura
nunca mais veremos seu sorriso
nunca mais.


Leia outros.

Da biblioteca "Poesia crítica do direito"