Há 50 anos foi instaurada no Brasil uma ditadura que durou
mais de 21 anos. Junto a sindicatos, partidos políticos e movimentos do campo,
as universidades foram uma das instituições atingidas pelo terror de Estado.
Durante esse tempo, a autonomia universitária foi violentada. Estudantes,
professores e técnicos administrativos foram duramente reprimidos através do
constrangimento, da perseguição, da tortura e das prisões por criticar e lutar
contra a ditadura.
Com a Constituição de 1988, foram afirmadas uma série de
direitos e garantias fundamentais. Ainda assim, isso não impediu que uma pesada
herança autocrática fosse deixada no período atual, com a continuidade de
práticas autoritárias pelas instituições.
Uma das faces desse “passado que não passa” se expressa na
escalada do poder repressivo do Estado nas favelas e periferias, que
criminaliza a população que reside nessas áreas, afrontando uma série de garantias
fundamentais válidas para todos e todas e expressas no texto constitucional.
São recorrentes as denúncias, como as ocorridas no Parque União e Nova Holanda
(duas comunidades do Complexo da Maré), de mandados de busca e apreensão
coletivos, invasão de casas, detenções para averiguação, prisões arbitrárias,
abusos de autoridade e até de torturas e desaparecimento forçado, como revelou
o caso Amarildo. Esse processo foi chamado de “criminalização da pobreza” e uma
de suas expressões passa também pela criminalização daqueles e daquelas que se
insurgem contra. Historicamente no Brasil, as demandas por justiça social são
tratadas como caso de polícia, e reforçadas no momento em que o Estado resolve
intervir nos territórios de pobreza quase que exclusivamente através de seu
braço policial.
FOTO: Ato em Defesa da Democracia | Contra a Criminalização da
Liberdade de Manifestação | OAB-RJ 22/07/2014 Rio de Janeiro. FONTE: MIDIANINJA
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