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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O Santuário dos Pajés não se move!

Divulgando o Documentário vencedor do Festival de Cinema de Brasilia: Sagrada Terra Especulada, que conta a luta dos Fulni-ô Tapuya e outras comunidades indígenas contra a especulação imobiliária no metro quadrado mais caro de Brasilia:



Segue O Documentário completo

Sem muitas palavras ainda, pelo momento, é importante registrar no blog da Assessoria Jurídica Popular que está sendo travada uma importante luta no Plano Piloto de Brasilia pela defesa da diversidade cultural e religiosa, pelos direitos dos povos indígenas, pela preservação do Cerrado e, porque não dizer, pela construção de um Plano Piloto mais democrático.

Para maiores informações sobre os conflitos: Caros Amigos - A resistência do Santuário dos Pajés Em plena capital federal, indígenas e cidadãos enfrentam tratores, capangas, mega empresas e o próprio governo em defesa do Cerrado e do Santuário dos Pajés


O que Lyra Filho diria sobre isso? O que é Direito?


Se as empreiteiras de Brasília e a especulação imobiliária devastam e destroem o cerrado....

Foto: Júlia Zamboni - Diana Melo e Leila Saraiva no Santuário dos Pajés num ato de reflorestamento que ocorreu no último sábado no Santuário dos Pajés

Nós replantamos em um ato de amorosidade pela vida e pela diversidade


Segue nota da Associação Brasileira de Antropologia sobre a questão

A proteção do Santuário dos Pajés 

Laudo entregue a FUNAI por antropólogos indicados pela ABA esclarece a questão
19/10/2011
João Pacheco de Oliveira

Diante dos acontecimentos repercutidos na sociedade brasiliense e na imprensa nacional sobre a invasão da terra indígena Bananal ou Santuário dos Pajés, localizada no Plano Piloto da Capital Federal, o que tem acarretado na destruição do cerrado e em violência física contra indígenas e seus simpatizantes, a Comissão de Assuntos Indígenas (CAI) da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) vem a público alertar para a urgência da identificação, delimitação, demarcação e proteção da área, e prestar os seguintes esclarecimentos:

1 – Por solicitação da FUNAI, a ABA indicou dois experientes antropólogos para a elaboração do laudo antropológico sobre a área, cujos nomes foram previamente referendados por lideranças da comunidade indígena do Santuário dos Pajés, onde vivem famílias Fulni-ô, Kariri Xocó e Tuxá, oriundas do Nordeste do país. São eles: Prof. Dr. Jorge Eremites de Oliveira (coordenador) e Prof. Dr. Levi Marques Pereira (colaborador), ambos docentes da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), sediada em Mato Grosso do Sul, onde atuam nos programas de pós-graduação em Antropologia e História, tendo participado da produção de diversos laudos administrativos e judiciais sobre terras indígenas naquele estado, todos aprovados pelo órgão indigenista oficial.

2 – O estudo intitulado Laudo antropológico referente à diligência técnica realizada em parte da área da antiga Fazenda Bananal, também conhecida como Santuário dos Pajés, localizada na cidade Brasília, Distrito Federal, Brasil, concluído sob a coordenação do antropólogo Prof. Dr. Jorge Eremites de Oliveira, foi entregue no início de setembro de 2011 a servidores da FUNAI em Brasília, a antropólogos do Ministério Público Federal (MPF) e a lideranças da comunidade indígena do Santuário dos Pajés. Mais recentemente, no dia 13/10/2011, foi entregue uma nota complementar com medições da terra indígena à Presidência da FUNAI, MPF e lideranças do Santuário dos Pajés.

3 – O Laudo concluído atesta de maneira clara, objetiva e consistente que se trata de terra tradicionalmente ocupada por comunidade indígena, cuja extensão é de, pelo menos, 50,91 hectares. Atesta que a ocupação indígena no Santuário dos Pajés remonta a fins da década de 1950, quando ali chegaram indígenas da etnia Fulni-ô, provenientes de Águas Belas, Pernambuco, e iniciaram o processo de ocupação da área. Posteriormente, a partir da década de 1970, famílias Tuxá e Fulni-ô estabeleceram moradia permanente no lugar e ali passaram a constituir uma comunidade multiétnica, com fortes vínculos de tradicionalidade com a terra e participantes de uma complexa rede de relações sociais. Mais tarde somaram-se a elas famílias Kariri Xocó. Um Processo da FUNAI no qual constavam importantes documentos para o esclarecimento dos fatos, inclusive procedimentos oficiais para a regularização da área, sob Nº 1.607/1996, desapareceu de dentro do próprio órgão indigenista.

4 – Nos últimos anos, parte da área tem sofrido impactos negativos diretos pelas obras do Projeto Imobiliário Setor Noroeste, sob a responsabilidade da empresa TERRACAP, cujo licenciamento ambiental ocorreu sem o necessário estudo do componente indígena local. Além disso, tem sido registrada a destruição da área de preservação ambiental e o uso da violência física contra membros das famílias indígenas e seus apoiadores, bem como prejuízos às suas moradias e demais benfeitorias, conforme divulgado pela imprensa nacional.

5 – É urgente que a FUNAI constitua um Grupo de Trabalho para proceder aos estudos necessários à identificação, delimitação e demarcação da terra indígena, em conformidade com a lei. Isso é necessário que a Justiça faça jus ao próprio nome e proíba a continuidade das obras, solicitando a retirada das construtoras da área e apurando as violações aos direitos humanos, indígenas e ambientais que têm sido amplamente divulgadas nos meios de comunicação.

6 – A morosidade da FUNAI em tomar as providências para assegurar os direitos territoriais, inclusive no que se refere à entrega formal do laudo à Justiça, tem aumentado a situação de vulnerabilidade e causado grandes prejuízos àquela comunidade indígena e à conservação ambiental do lugar. Tal postura favorece os setores ligados à especulação imobiliária em Brasília e seus aliados políticos, inclusive pessoas ligadas a conhecidos esquemas de corrupção no Distrito Federal e segmentos da impressa a elas vinculados, os quais seguidamente distorcem e manipulam os fatos a favor de seus patrocinadores.

João Pacheco de Oliveira é Coordenador da Comissão de Assuntos Indígenas/ABA

Para mais informações:
Blog do santuário

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O que é o direito?



O que é o direito?

O direito não pode ser definido em uma frase o direito é. Simplesmente porque seu conceito é complexo, indefinível a partir de uma sentença que finalize completamente seu sentido.
A analogia do direito como justiça significa o justo para o homem. O homem concreto, aquele que está consciente sobre o distinto e em diálogo com o inequivocamente outro. Os critérios sobre o justo para o homem leva em consideração os problemas, que são os dramas envolvidos nas necessidades. Um critério de justiça é a satisfação dessas mesmas necessidades. Sua satisfação ocorre num processo de libertação. Libertação é a satisfação ilimitada das necessidades para uma vida concreta com dignidade.


O que é o direito para o índio?

As diferenças de nossa organização política-jurídica são tão agudas que não se pode, a priori, definir o que é direito para um índio. Precisamos estar dispostos para o diálogo com o inequivocamente outro. Sua organização é distinta. O seu significado é incompreensível a partir de nossas perspectivas e modelos. Só podemos nos aproximar deste significado pelo diálogo. Não é a comparação de perspectivas e modelos. Esta só revelerá nossas diferenças e semelhanças.

Luiz Otávio Ribas - professor de filosofia do direito e assessor jurídico popular.